São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002 |
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MÉXICO 86 Estrela cadente
Da mesma forma que ganhou projeção meteórica, despencou no anonimato o mais surpreendente lateral-direito da seleção em Copas. E foi graças ao acaso que a vaga de titular lhe caiu do céu no Mundial de 1986, no México. Além de ser convocado na última hora devido à desistência do titular Leandro no dia do embarque da seleção, ele contaria com a contusão repentina do reserva imediato, Edson Boaro, na segunda partida da primeira fase. Leandro teria abandonado a seleção em solidariedade ao amigo Renato Gaúcho, cortado no período de concentração por motivos disciplinares, segundo o treinador Telê Santana. Já sem esperança alguma de ser lembrado, o lateral do Botafogo-RJ veria surgir, de repente, à sua porta o então supervisor de futebol do clube com a notícia da sua convocação. A partir daí, o que viesse seria lucro, mas o desempenho do novo lateral superou as expectativas. Quando estreou, no terceiro compromisso, contra a Irlanda, marcou um golaço, acertando um belo chute de fora área. Na sequência, contra a Polônia, nas oitavas-de-final, fez mais um, driblando três antes de disparar um petardo quase sem ângulo. Dois arremates perfeitos que mudariam a sua vida. A despeito de sua participação ter terminado nas quartas-de-final -na derrota por pênaltis para a França-, acabou eleito o melhor lateral-direito daquela Copa com um currículo de apenas três partidas pela seleção. Os dois gols lhe renderam também o feito de ter se igualado a Nelinho (em 78) como o único da posição a ter marcado duas vezes em um mesmo Mundial. Mas não foi só o lateral botafoguense que entrou na equipe na última hora. A seleção de 86 era uma espécie de mutante. Às vésperas do torneio, um Zico combalido seria confirmado como reserva; Falcão, Oscar e Casagrande perderiam as posições e Júnior seria deslocado para o meio. As demais surpresas foram Elzo e Alemão no meio-de-campo, Branco na lateral-esquerda, Júlio César na zaga e Muller no ataque. O sucesso da Copa, no entanto, não perdurou. Suspeito de envolvimento com drogas, o jogador não se firmou no futebol espanhol. Depois, perambulou pelo Novo Hamburgo, Bangu e Uberlândia até encerrar a carreira no Mineiros, da Venezuela. Depois disso, teve um bar em Manaus, mas não foi muito adiante. Hoje, aos 40 anos, vive de ensinar futebol a crianças carentes em Roraima. Josimar diz ter apagado as lembranças ruins de sua passagem pelo futebol, mas faz questão de guardar os ensinamentos daquele a quem chama de "mestre". "Você precisa treinar muito, porque tem algo que você não sabe fazer direito: chutar a gol", ensinou-lhe Telê Santana. Isso, ele aprendeu. Texto Anterior: Espanha 82: Passe trágico Próximo Texto: Itália 90: Cai o mito da 10 Índice |
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