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Cláusula de
barreira pode
ser alterada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há consenso entre os políticos a respeito dos dois efeitos principais da cláusula de
barreira se nenhuma medida
adicional for adotada. O primeiro é que o número de
agremiações no país deve diminuir. O segundo é que
ocorrerá forte migração partidária de deputados eleitos
antes da data da posse.
A cláusula estabelece que
os partidos devem ter pelo
menos 5% dos votos para deputado federal em todo o
país para continuarem a ter
direito no Congresso a nomear líderes e preencher
cargos em comissões, além
de amplo acesso à TV, rádio e
fundo partidário. Só 7 dos 29
partidos conseguiriam esse
percentual em 1998 e 2002.
Em 2002, os deputados
eleitos pertenciam a 19 partidos. Neste ano, número semelhante de siglas deve conseguir vagas na Câmara.
Para os partidos não-ideológicos, que vivem de negociar seus tempos de rádio e
de TV, não valerá a pena continuar a existir. Dessa forma,
deve ocorrer a redução de legendas. A conseqüência seguinte será o inchaço de alguns partidos, que devem absorver a massa de congressistas eleitos pelos nanicos.
Em 2002, por exemplo, foram eleitos 101 deputados
por partidos que não atingiram os 5% dos votos no país.
Neste ano, pode ocorrer
um fenômeno semelhante.
Se as pesquisas se confirmarem e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva for reeleito,
a tendência desses cerca de
cem deputados de partidos
pequenos é migrarem para a
base de apoio ao Planalto.
Essa migração representará um abalo no equilíbrio que
vem sendo mantido nos últimos pleitos entre os chamados "quatro grandes": PT,
PSDB, PFL e PMDB.
Em 1998, esses quatro partidos tiveram 63,2% de todos
os votos para deputado federal. Em 2002, o percentual
foi de 59,4%. A diferença entre eles sempre foi pequena.
O PT, campeão de votos em
2002, recebeu 18,4% dos votos para deputado. O PSDB
teve 14,3%, seguido de PFL
(13,37%) e PMDB (13,35%).
Dentro do Congresso a expectativa é que um desses
quatro partidos seja o desaguadouro dos deputados de
siglas nanicas. Por estar em
parte dentro do governo Lula, é provável que o PMDB
herde essa bancada de "deputados zumbis", como vêm
sendo chamados esses congressistas. Se isso ocorrer, os
peemedebistas ficarão muito
acima dos demais e a legenda
terá um poder político extra.
Essa é uma das razões para
que o Planalto e mesmo partidos de oposição estimulem
a proposta de votar algum tipo de reforma política antes
da posse do novo Congresso,
em fevereiro. Todos buscarão uma forma de evitar que
o PMDB se torne, de maneira
artificial, o maior partido do
país.
(FR)
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