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Equipe de transição será anunciada na 3ª
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
FÁBIO ZANINI
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do PT, o deputado
José Dirceu (SP), em entrevista
coletiva concedida na tarde ontem, no hotel Meliá, anunciou que
a equipe de transição para o governo Lula será divulgada amanhã. "Vai haver uma transição organizada, institucional", disse.
Também amanhã, Lula tem encontro marcado com o presidente
Fernando Henrique Cardoso para
a discussão da agenda da transição e da participação do PT na revisão do acordo com o FMI, que
está prevista para novembro.
O deputado adiantou que a
equipe será composta por nomes
que nada tem a ver com o futuro
ministério do governo petista. "A
equipe de transição é técnica, para
fazer o diagnóstico do governo,
para tomar conhecimento da situação administrativa."
Sobre a composição do ministério, o presidente do PT afirmou os
nomes serão anunciados no tempo necessário.
Dirceu assegurou que o presidente eleito pretende manter um
diálogo amplo, com todos os partidos, em seu governo. "Todos os
que apoiaram o Lula serão ouvidos. E Lula procurará todos os
partidos, inclusive PSDB."
José Dirceu explicou que o programa petista tem três prioridades durante o período de transição: o orçamento, as questões tributárias e o artigo 192 (que rege o
funcionamento do Banco Central). "O Brasil tem recursos. Lula
vai combater a pobreza, a insegurança que existe no país, independente das restrições orçamentárias. Vamos cumprir o que anunciamos na campanha eleitoral. Já
estamos pensando no governo."
O comando da campanha petista passou o dia reunido ontem para concluir os nomes de integrantes da equipe de transição de Lula.
O núcleo central da equipe repetirá a coordenação geral da campanha, provavelmente acrescido de
representantes de aliados do segundo turno, do empresariado e/
ou do mercado financeiro.
Dirceu deve comandar a equipe
de transição, atuando em conjunto com Antônio Palocci, que
coordenou a elaboração do projeto de programa de governo, Luiz
Dulci, secretário-geral do PT, Luiz
Gushiken, homem de confiança
de Dirceu e Lula, e Gilberto Carvalho, espécie de chefe de Gabinete do candidato petista.
O governo destinou 51 cargos
para a equipe de transição. Entre
esses, devem figurar os nomes
dos economistas Guido Mantega
e José Graziano, o deputado federal Jorge Bittar (RJ), encarregado
de discutir o Orçamento de 2003,
e o físico Luiz Pinguelli Rosa, para
a área de energia.
Os jornalistas André Singer,
porta-voz da campanha e nome
forte para desempenhar o mesmo
papel na equipe de transição e no
governo, e Ricardo Kotscho, principal assessor de imprensa de Lula, são cotados cargos semelhantes na equipe de transição.
Ministério
O ministério de fato de Lula só
tinha, até ontem, dois nomes indicados virtualmente indicados:
Dirceu, para a área política, e Palocci, para a área econômica.
"Da composição do ministério
vão participar os partidos e setores que apoiaram Lula. E setores
da sociedade, porque não será um
ministério só de partidos. É mais
plausível que seja um governo de
centro-esquerda. A tendência é
essa", afirmou Dirceu.
Mas as duas indicações reforçam as informações das mais diferentes fontes do PT no sentido
de que o governo Lula será uma
espécie de "Marta plus". Ou seja,
conterá um núcleo do próprio
partido (como é o caso de Dirceu
e Palocci), mas incluirá uma porção de nomes externos.
O que quer dizer, exatamente,
um governo "Marta plus"? Primeiro que incorporará nomes
que não são do PT, como a prefeita Marta Suplicy o fez em São Paulo com o secretário das Finanças,
João Sayad, um ex-banqueiro, e o
urbanista Jorge Wilheim. Mas,
como Lula abriu-se mais do que
Marta para setores e partidos extra-PT, durante a campanha, a
idéia é chamar mais nomes não
petistas para o primeiro escalão.
Há boa chance de o ministro da
Fazenda ser um empresário, setor
que pode ganhar igualmente a
pasta do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Seria uma maneira de acalmar
os mercados. Mas Lula resiste à
idéia de antecipar a indicação do
ministro da Fazenda e/ ou do presidente do Banco Central.
Colaborou KENNEDY ALENCAR, em São Paulo
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