São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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RELIGIÃO

Influência da Universal preocupa Igreja Católica

MARCELO BERABA
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

O governo do PT terá o apoio imediato no Congresso da parte mais organizada da bancada evangélica, os 22 deputados e um senador ligados à Igreja Universal, a maioria abrigada no PL.
A Universal apoiou Anthony Garotinho no primeiro turno e Lula no segundo. Para o coordenador político da igreja na Câmara, Bispo Rodrigues (PL-RJ), "a experiência vai ser única e riquíssima: vamos fazer parte de um governo de esquerda em um país com maioria de centro-direita."
A aliança da Igreja Universal com o PT provocou mal-estar dentro da Igreja Católica, o que obrigou uma forte ação diplomática da direção da campanha petista junto à CNBB. A tensão foi parcialmente superada quando ficou claro que o interesse do PT era o passe do senador José Alencar para vice de Lula.
Mesmo assim, ainda persiste a desconfiança de que a Universal possa ter influência no novo governo, principalmente no Ministério das Comunicações, o que aumentaria a sua força nas rádios e TVs. O bispo de Jundiaí (SP), d. Amaury Castanho, é explícito: "Há rumores muito fortes de que o Bispo Rodrigues teria exigido o Ministério das Comunicações, e isso é muito sério". Gilberto Carvalho, um dos coordenadores da campanha de Lula, é peremptório: "Não há possibilidade", disse.
Para o Bispo Rodrigues, a preocupação da Igreja Católica não tem fundamento. "Não vamos para o governo para ficar pedindo radiozinhas. E não acredito que Lula vá entregar o ministério para a área religiosa." Segundo ele, o interesse maior dos evangélicos é com a ação social, em que os católicos também têm forte presença.
Ele disse que não reivindica ministério e que pretende exercer seu mandato de deputado federal como líder do PL.
Depois da Igreja Universal, o grupo mais forte na bancada evangélica é formado por deputados ligados à Assembléia de Deus. A maior parte apoiou Garotinho no primeiro turno e Serra no segundo, mas não não devem fazer oposição imediatamente.
A bancada evangélica deve votar junta nas questões morais (aborto, casamento de homossexuais) e tem a promessa de Lula de que, nestas matérias, o presidente ficará neutro, reservando os embates ao Congresso.


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