São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Cali - 1971

Cuba emerge como potência pan-americana, termina em segundo lugar no quadro de medalhas, à frente do Canadá, mas começa a sofrer com deserções de atletas

DA REPORTAGEM LOCAL

Cali derrotou Santiago e St. Louis para ser a sede do Pan. Para os norte-americanos, o revés teve seu lado humilhante. O plano apresentado era praticamente o mesmo da candidatura à Olimpíada de 1972, na qual haviam sido derrotados por Munique.
A Colômbia assistiu à ascensão de nova potência esportiva: Cuba. Com participações discretas no Pan até então, a pequena ilha de Fidel Castro assegurou o segundo posto, distanciando-se do Canadá.
Em Cali, os cubanos conquistaram 105 medalhas. Em todas as suas participações anteriores, haviam somado 112 pódios.
Para obter sucesso, o governo investiu alto, tanto na base, para revelar talentos, como no topo, com a importação de treinadores estrangeiros, principalmente do Leste Europeu.
A União Soviética enviou técnicos de basquete, tiro e ginástica, a Hungria, de esgrima, a Tchecoslováquia, de vôlei, e a Coréia do Norte, de judô.
Em alguns esportes, Cuba começava a mostrar supremacia, como no boxe - sete medalhas em 11 categorias. Nos pesos-pesados, surgia Teófilo Stevenson, futuro tricampeão olímpico, que dividiu o bronze com Vicente Campos (BRA).
No atletismo, Cuba começou a forjar sua tradição com um resultado surpreendente: Pedro Pérez Dueña obteve 17,40 m, levou o ouro no salto triplo e quebrou o recorde mundial.
Nessa prova, o brasileiro Nelson Prudêncio conquistou sua segunda prata em Pans.
A política, assim, contaminaria o esporte. Cuba festejava o fato de despertar maior simpatia na torcida local. Houve tumulto quando os juízes favoreceram um norte-americano no boxe. E vaias em algumas vitórias dos EUA no atletismo.
O porto-riquenho Amado Morales, que levara o bronze no lançamento de disco, ergueu o punho durante a cerimônia de premiação, em protesto, ao soar o hino dos EUA pelo ouro de Cary Feldman.
"Se ele quisesse externar suas idéias políticas, deveria fazê-lo em outro lugar. Não em uma reunião esportiva como o Pan", criticou à época Fernando Chardon, secretário de Estado de Porto Rico.
Por outro lado, o regime cubano perdeu seus primeiros esportistas em Pans por deserção. Cali teve quatro casos.
Na ginástica artística, Roxanne Pierce (EUA), 16, ganhou seis medalhas, quatro delas de ouro. É a ginasta mais premiada em Pans (seis ouros, uma prata e cinco bronzes).


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