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Cali - 1971
Cuba emerge como potência pan-americana, termina em segundo lugar no quadro de medalhas, à frente do Canadá, mas começa a sofrer com deserções de atletas
DA REPORTAGEM LOCAL
Cali derrotou Santiago
e St. Louis para ser a
sede do Pan. Para os
norte-americanos, o
revés teve seu lado
humilhante. O plano apresentado era praticamente o mesmo da candidatura à Olimpíada
de 1972, na qual haviam sido
derrotados por Munique.
A Colômbia assistiu à ascensão de nova potência esportiva:
Cuba. Com participações discretas no Pan até então, a pequena ilha de Fidel Castro assegurou o segundo posto, distanciando-se do Canadá.
Em Cali, os cubanos conquistaram 105 medalhas. Em todas
as suas participações anteriores, haviam somado 112 pódios.
Para obter sucesso, o governo investiu alto, tanto na base,
para revelar talentos, como no
topo, com a importação de treinadores estrangeiros, principalmente do Leste Europeu.
A União Soviética enviou
técnicos de basquete, tiro e ginástica, a Hungria, de esgrima,
a Tchecoslováquia, de vôlei, e a
Coréia do Norte, de judô.
Em alguns esportes, Cuba
começava a mostrar supremacia, como no boxe - sete medalhas em 11 categorias. Nos pesos-pesados, surgia Teófilo Stevenson, futuro tricampeão
olímpico, que dividiu o bronze
com Vicente Campos (BRA).
No atletismo, Cuba começou
a forjar sua tradição com um
resultado surpreendente: Pedro Pérez Dueña obteve 17,40
m, levou o ouro no salto triplo e
quebrou o recorde mundial.
Nessa prova, o brasileiro
Nelson Prudêncio conquistou
sua segunda prata em Pans.
A política, assim, contaminaria o esporte. Cuba festejava o
fato de despertar maior simpatia na torcida local. Houve tumulto quando os juízes favoreceram um norte-americano no
boxe. E vaias em algumas vitórias dos EUA no atletismo.
O porto-riquenho Amado
Morales, que levara o bronze
no lançamento de disco, ergueu o punho durante a cerimônia de premiação, em protesto, ao soar o hino dos EUA
pelo ouro de Cary Feldman.
"Se ele quisesse externar
suas idéias políticas, deveria fazê-lo em outro lugar. Não em
uma reunião esportiva como o
Pan", criticou à época Fernando Chardon, secretário de Estado de Porto Rico.
Por outro lado, o regime cubano perdeu seus primeiros esportistas em Pans por deserção. Cali teve quatro casos.
Na ginástica artística, Roxanne Pierce (EUA), 16, ganhou seis medalhas, quatro delas de ouro. É a ginasta mais
premiada em Pans (seis ouros,
uma prata e cinco bronzes).
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