São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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Cidade do México - 1975

Mexicanos abrigam competição após golpe de Pinochet no Chile e assistem ao salto de João do Pulo, recorde mundial que perduraria por 32 anos como a melhor marca sul-americana

Arquivo Folha
João do Pulo, que estabeleceu o recorde mundial


DA REPORTAGEM LOCAL

A política voltou a dar o tom no Pan da Cidade do México, em 1975. Em primeiro lugar, porque a competição estava inicialmente programada para Santiago. No entanto a capital do Chile abriu mão do evento logo após o golpe que alçou o general Augusto Pinochet ao poder.
São Paulo, organizadora do Pan de 1963, se propôs a sediar novamente a competição. A capital paulista, porém, desistiu alegando falta de recursos e uma epidemia de meningite.
Surgiu então a proposta da Cidade do México, que teve dez meses para aprontar tudo.
O ar rarefeito atrapalhou alguns atletas, não acostumados à falta de oxigênio. Mas favoreceu o salto triplo nacional.
O cabo do exército João Carlos de Oliveira saltou 17,89 m e estabeleceu novo recorde mundial, com marca 45 cm superior à anterior. Por causa do feito, o brasileiro passou a ser conhecido como João do Pulo.
O salto perdurou como o melhor do mundo por dez anos. E foi superado por um sul-americano há somente nove dias, quando Jadel Gregório saltou 17,90 m no GP Brasil, em Belém. Era o mais longevo recorde obtido por um brasileiro.
Com os EUA sem seus melhores velocistas, Silvio Leonard não teve problemas para ganhar o ouro nos 100 m.
Mas o cubano não conseguiu frear a tempo após a linha de chegada, caiu no fosso do estádio e machucou o tornozelo. Teve que ser amparado para subir e descer do pódio. Ficou fora dos 200 m e do 4 x 100 m.
Menor simpatia despertou o gesto de seu compatriota Alberto Juantorena. Favorito nos 400 m, perdeu o ouro para Ronald Ray. No pódio, negou-se a cumprimentar o norte-americano, que lhe estendeu a mão.
Com vários nomes que se destacariam no profissional, como o goleiro Carlos, o zagueiro Edinho, o meia Pita e o atacante Cláudio Adão, a seleção brasileira de futebol marcou a maior goleada do Pan: 14 a 0 sobre a frágil Nicarágua.
A final, contudo, foi a mais insólita da modalidade em Pans. Brasil e México empatavam em 1 a 1 e corria a prorrogação quando a iluminação falhou e houve invasão de campo.
Sem condições de prosseguir o duelo, os organizadores decidiram dar o título às duas equipes. O problema é que não havia medalhas de ouro suficientes. Por isso, alguns receberam as de prata com a promessa de que seriam depois trocadas.
Sem contar com norte-americanos de melhor nível, a natação não teve recorde mundial.
Mesmo assim, duas jovens dos EUA conseguiram sobressair: Kathy Heddy e Kim Peyton, donas de quatro ouros cada uma. Em Montréal, no ano seguinte, Peyton integrou o 4 x 100 m livre campeão olímpico com nova marca mundial.


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