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PRESIDÊNCIA
Por acordo, Lula sinaliza trégua à oposição
"Tem a hora de brigar e a hora de votar e administrar o país", diz presidente, que busca agenda comum com governadores e partidos
Petista ensaia a criação de
um "triunvirato" com José
Serra e Aécio Neves para dar
as cartas na política nacional
em eventual 2º mandato
KENNEDY ALENCAR
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre deslizes de retórica em
que já falava como presidente
reeleito e sobre "a missão do segundo mandato", Luiz Inácio
Lula da Silva aproveitou o último ato de campanha eleitoral
ontem, em São Bernardo do
Campo, para sinalizar trégua à
oposição. "Vocês sabem que eu
sou um homem de paz. Não
consigo confundir as minhas
divergências de disputa eleitoral com a governabilidade", disse. Certo da vitória, antecipou
que formará o novo governo até
dezembro. "Estou com o time
jogando. Esse time pode continuar e posso mudar peças, mas
sem nenhuma pressa."
Segundo o presidente, "os
partidos políticos entendem
que tem a hora de brigar e tem a
hora de a gente votar e administrar o país". Após caminhar
40 minutos no centro de São
Bernardo, Lula afirmou que,
terminado o processo eleitoral,
o eleito governa. "Essa é a consagração da democracia", disse.
A fala do presidente ontem
coincide com a tática ele que
deve utilizar se confirmada sua
reeleição. Lula pretende adotar
tom humilde para falar de
união nacional e propor à oposição um acordo por uma agenda política e econômica. Dirá
que o país não deve viver um
"terceiro turno". Voltará a falar
de reformas e debaterá um
ajuste fiscal a partir de 2007.
Lula também deixará claro
que não aceitará deixar o cargo
numa batalha política e jurídica
com a oposição. Não crê que a
oposição tenha cacife para patrocinar um impeachment,
mas avalia que rivais tentarão
levar adiante o pedido de nulidade de sua candidatura, já
apresentado à Justiça Eleitoral
devido ao dossiegate.
Em conversas reservadas,
Lula tem dito que só admitiria
deixar o poder pelo voto. "Não
vão me tirar na marra", já afirmou mais de uma vez.
Para isolar os radicais da
oposição, Lula vai telefonar para todos os governadores eleitos no segundo turno, como fez
em relação aos aliados eleitos
na primeira fase. Sua idéia é
realizar em novembro uma
reunião com todos os governadores para debater a conclusão
das reformas tributária e previdenciária e de outros projetos,
como a reformulação das regras político-eleitorais.
Lula não descarta convidar
Alckmin e dirigentes da oposição para uma reunião, mas isso
dependerá da reação dos rivais.
Enquanto fará acenos para
tentar evitar o "terceiro turno",
Lula se preparará para uma batalha jurídica mantendo canais
com oposicionistas moderados,
a mídia e o empresariado. Dará
especial atenção a dois tucanos
que lista entre os moderados:
Aécio Neves, reeleito governador de Minas, e José Serra, que
venceu a disputa em São Paulo.
Na lista de Lula, os "radicais"
são o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, os presidentes do PSDB e do PFL, pela
ordem, os senadores Tasso Jereissati (CE) e Jorge Bornhausen (SC), e o prefeito do Rio,
Cesar Maia (PFL). Para o presidente, Serra e Aécio, potenciais
candidatos à Presidência em
2010, poderiam trazer equilíbrio ao jogo político.
Lula aposta em aproximação
com Aécio e acredita que Serra
tende a fazer contraponto ao
seu governo, mas não a travar
uma guerra. De acordo com um
ministro, Lula quer criar um
"triunvirato" com Aécio e Serra
para dar as cartas na política
brasileira nos próximos anos.
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