São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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Presidente acusa PSDB de montar armadilha para deflagrar a crise do dossiê no PT

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição pelo PT, atacou o comportamento do PSDB ao falar sobre a crise do dossiê durante o seu último ato de campanha eleitoral, ontem, em São Bernardo do Campo (SP).
Lula insinuou novamente que integrantes do partido tenham montado uma armadilha para petistas por "desespero político". "Ontem nós vimos uma pessoa do PSDB de Minas Gerais arrumar um laranja podre, que fez um trabalho sujo, desvendado poucas horas depois. Porque a mentira tem perna curta", disse.
O presidente referiu-se ao episódio do padeiro Luiz Armando Silvestre Ramos, 31, que prestou falso depoimento à Polícia Federal em Pouso Alegre, Minas Gerais.
Luiz Armando se apresentou à Polícia Federal como Aguinaldo Delino e disse ter entregue R$ 250 mil para Hamilton Lacerda, o petista que integrava a coordenação de campanha de Aloizio Mercadante em São Paulo e que é apontado pela PF como o portador de R$ 1,74 milhão para a compra do dossiê que envolveria tucanos na máfia dos sanguessugas (de superfaturamento na compra de ambulâncias autorizada por emendas parlamentares).
Ramos foi levado à PF pela secretária-executiva do PSDB do município mineiro, Rosely de Souza Pantaleão.
"Vocês estão lembrados que eu tenho dito desde o começo do [caso] dossiê que eu gostaria de saber algumas coisas: quem foi o arquiteto que planejou isso, quem deu o dinheiro, o que tem no dossiê. (...) Alguém arquitetou isso. (...) Não era eu que precisava de dossiê. Muitos, menos eu, precisavam do dossiê", disse.

São Bernardo
O presidente afirmou ontem que tinha que terminar a campanha "onde tudo começou". Lula considerou "auspicioso" finalizar o pleito de 2006 em São Bernardo do Campo, ao lado daqueles que são seus "companheiros há 30 anos".
"Vocês sabem que aqui eu nasci no sindicalismo, acho que eu nasci para a política. Aqui nós criamos o PT. Aqui nós criamos a CUT. Aqui eu encontrei a minha mulher, aqui nasceram meus filhos. Então, voltar a São Bernardo e encontrar essa quantidade de companheiros...", discursou.
Segundo ele, em cada abraço que dava em um velho companheiro ontem "a cabeça voltava para as greves de 78, 79 e 80".
O presidente chegou ao centro de São Bernardo às 10h35. Caminhou um curto trajeto a pé. "Abraça sem apertar", diziam os seguranças de Lula à multidão.
Transpirando muito, com um lenço branco na mão, Lula subiu num jipe às 11h09, ao lado de sua mulher, Marisa Letícia, da ex-prefeita Marta Suplicy e do ministro Luiz Marinho (Trabalho).
Parlamentares petistas de São Paulo e do ABC acompanharam o presidente. O deputado Professor Luizinho (PT-SP), que não conseguiu se reeleger após se envolver no escândalo do mensalão, participou da caminhada com o filho.


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