São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros CARREIRA Mistura de áreas trava inscrição em concursos Editais nem sempre aceitam quem fez pós e graduação em campos distintos BRUNA BORGES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Em 2010, Daniel Kerr, 32, lecionava bioquímica na graduação como professor substituto na Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), pois fez mestrado e doutorado nessa área. Quando foi aberta uma vaga de docente titular, sua inscrição não foi homologada porque ele é bacharel em ciências moleculares pela USP (Universidade de São Paulo), carreira não incluída no regulamento do concurso. "Alguns editais são tão restritos que prejudicam a instituição. O único candidato que teve inscrição homologada não apareceu", afirma. Procurado pela Folha, o responsável pelo concurso, o diretor-geral do Centro de Ciências Agroveterinárias da Udesc, Cleimon Amaral, explicou que a legislação que rege o concurso determina que o edital não pode ser alterado após a publicação, pois isso caracterizaria favorecimento impróprio de um único caso de candidato nessas condições. Casos como esse são comuns nas universidades públicas. "O mundo é bem mais complexo do que os títulos disponíveis nas universidades. Há cerca de 60 títulos de pós-graduação na Unicamp. É pouco para explicar a multidisciplinaridade da ciência", opina Euclides Mesquita Neto, pró-reitor de pós-graduação da instituição. RESERVA DE MERCADO Apesar de a interdisciplinaridade ser uma tendência para o avanço do conhecimento, esse tipo de novidade demora a ser colocado em prática, argumenta Marilza Vieira Cunha Rudge, pró-reitora da pós-graduação da Unesp (Universidade Estadual Paulista). Ela afirma que esse pode ser um momento de transição. "Hoje há um problema, uma "reserva de mercado" nas universidades públicas. Não me agrada a ideia de que na faculdade de medicina só se contrate médico, por exemplo", afirma Rudge. Na Unesp, um caso semelhante ao de Kerr aconteceu com uma de suas alunas. A nutricionista N. M., 40, que pediu para não ser identificada, não conseguiu ter a inscrição em concurso para docente homologada porque fez doutorado em medicina, sobre diabetes em grávidas. Ela diz ter amigos da área de educação física que enfrentam o mesmo problema. Texto Anterior: Multidisciplinares: Recentes, programas buscam afirmação Próximo Texto: Pós-doutorado: Procura pela pós ainda é baixa Índice | Comunicar Erros

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