São Paulo, domingo, 30 de agosto de 2009

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1 - O que é o pré-sal?

DA REDAÇÃO

Um antigo lago de 800 km de extensão, com mais de 100 milhões de anos de idade, do tempo em que América e África formavam um só continente, é a mais nova e promissora fronteira para a exploração de petróleo no Brasil.
A chamada camada pré-sal tem potencial para mais do que dobrar as atuais reservas brasileiras, estimadas em cerca de 14 bilhões de barris de petróleo -a 14ª maior do mundo. Leva esse nome porque as rochas de onde serão extraídos óleo e gás estão abaixo de uma barreira de sal de até 2 km de espessura, situada até 5 km abaixo da superfície do oceano.
Sua origem está no início do processo de separação dos continentes, quando o que era um imenso lago começou a se transformar em um golfo -ou seja, a ser invadido pelas águas do mar (hoje Atlântico Sul).
A decomposição de microorganismos nesse lago/golfo, aliada à pressão do sal acumulado em sucessivas épocas de evaporação e do peso da própria água sobre ele, durante milhões de anos, deram origem a um depósito de óleo de alta qualidade, que a Petrobras prepara-se agora para explorar, em área que vai do Espírito Santo a Santa Catarina.
Inicialmente, especialistas chegaram a apontar reservas de até 100 bilhões de barris no pré-sal, o que colocaria o país entre os quatro maiores produtores do mundo. O governo trabalha hoje com a hipótese de haver 50 bilhões de barris na área.
Só há estimativa técnica para um dos campos, o de Tupi, na bacia de Santos. No fim de 2007, a Petrobras concluiu análise apontando a existência de entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo e gás no local. Até então, e desde 1979, poços em águas rasas já haviam alcançado o pré-sal, mas com descobertas pouco significativas.
Com o avanço tecnológico, que levou a prospecção a águas mais profundas, os resultados começaram a crescer. Desde 2005, 15 poços da Petrobras atingiram a camada abaixo do sal, após investimento superior a US$ 1,5 bilhão. Do total, oito já foram testados. Todos com petróleo leve, de maior valor, e grande quantidade de gás.
O primeiro óleo da província do pré-sal foi extraído em 2 de setembro de 2008, no campo de Jubarte, na bacia de Campos. O petróleo estava a 4.500 m de profundidade, e o campo segue em fase de testes.
Para viabilizar a extração comercial, contudo, há ainda uma série de obstáculos. O primeiro diz respeito a perfurar o sal, que é como uma massa plástica. À medida que o poço é aprofundado, o sal se move e pode fechá-lo novamente, prendendo a coluna de perfuração. Outro desafio é a própria lâmina d'água, profunda, que exerce pressão sobre equipamentos.
Há ainda desafios logísticos (as plataformas ficarão a até 300 km da costa), ambientais (os campos do pré-sal têm 20% mais dióxido de carbono), tecnológicos, especialmente no que diz respeito à pesquisa de materiais resistentes à corrosão, e financeiros. O plano de investimento da Petrobras para o pré-sal é de US$ 111 bilhões até 2020 -o dobro do PIB do Equador. (RENATO ESSENFELDER)


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