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1 - O que é o pré-sal?
DA REDAÇÃO
Um antigo lago de 800 km de
extensão, com mais de 100 milhões de anos de idade, do tempo em que América e África formavam um só continente, é a
mais nova e promissora fronteira para a exploração de petróleo no Brasil.
A chamada camada pré-sal
tem potencial para mais do que
dobrar as atuais reservas brasileiras, estimadas em cerca de 14
bilhões de barris de petróleo
-a 14ª maior do mundo. Leva
esse nome porque as rochas de
onde serão extraídos óleo e gás
estão abaixo de uma barreira de
sal de até 2 km de espessura, situada até 5 km abaixo da superfície do oceano.
Sua origem está no início do
processo de separação dos continentes, quando o que era um
imenso lago começou a se
transformar em um golfo -ou
seja, a ser invadido pelas águas
do mar (hoje Atlântico Sul).
A decomposição de microorganismos nesse lago/golfo,
aliada à pressão do sal acumulado em sucessivas épocas de
evaporação e do peso da própria água sobre ele, durante milhões de anos, deram origem a
um depósito de óleo de alta
qualidade, que a Petrobras prepara-se agora para explorar, em
área que vai do Espírito Santo a
Santa Catarina.
Inicialmente, especialistas
chegaram a apontar reservas de
até 100 bilhões de barris no
pré-sal, o que colocaria o país
entre os quatro maiores produtores do mundo. O governo trabalha hoje com a hipótese de haver 50 bilhões de barris na área.
Só há estimativa técnica para
um dos campos, o de Tupi, na
bacia de Santos. No fim de
2007, a Petrobras concluiu
análise apontando a existência
de entre 5 e 8 bilhões de barris
de petróleo e gás no local. Até
então, e desde 1979, poços em
águas rasas já haviam alcançado o pré-sal, mas com descobertas pouco significativas.
Com o avanço tecnológico,
que levou a prospecção a águas
mais profundas, os resultados
começaram a crescer. Desde
2005, 15 poços da Petrobras
atingiram a camada abaixo do
sal, após investimento superior
a US$ 1,5 bilhão. Do total, oito
já foram testados. Todos com
petróleo leve, de maior valor, e
grande quantidade de gás.
O primeiro óleo da província
do pré-sal foi extraído em 2 de
setembro de 2008, no campo
de Jubarte, na bacia de Campos. O petróleo estava a 4.500
m de profundidade, e o campo
segue em fase de testes.
Para viabilizar a extração comercial, contudo, há ainda uma
série de obstáculos. O primeiro
diz respeito a perfurar o sal, que
é como uma massa plástica. À
medida que o poço é aprofundado, o sal se move e pode fechá-lo novamente, prendendo
a coluna de perfuração. Outro
desafio é a própria lâmina d'água, profunda, que exerce pressão sobre equipamentos.
Há ainda desafios logísticos
(as plataformas ficarão a até
300 km da costa), ambientais
(os campos do pré-sal têm 20%
mais dióxido de carbono), tecnológicos, especialmente no
que diz respeito à pesquisa de
materiais resistentes à corrosão, e financeiros. O plano de
investimento da Petrobras para o pré-sal é de US$ 111 bilhões
até 2020 -o dobro do PIB do
Equador.
(RENATO ESSENFELDER)
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