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2 - Qual será o modelo de exploração?
Patricia Santos - 3.ago.06/Associated Press
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Funcionários da Petrobras durante a fase final de construção da plataforma P-52, no Rio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante das promissoras descobertas do pré-sal no litoral
brasileiro, o governo Lula encontrou o discurso para implementar algo que gostaria de ter
feito desde o início: adotar um
sistema com forte controle estatal no setor petrolífero.
Se aprovado pelo Congresso,
o novo marco regulatório descartará o sistema de concessões
criado no governo FHC e adotará a partilha de produção.
Um modelo em que cerca de
70% dessas novas reservas serão geridas por uma nova estatal, controlada 100% pela
União. E que terá a Petrobras
como sua operadora única.
No sistema adotado até hoje,
que continuará valendo para as
áreas já leiloadas do pré-sal, a
empresa vencedora das licitações fica com todo o óleo extraído, pagando tributos como
royalties e participação especial ao setor público.
Pelo novo, que ainda depende de aprovação no Congresso,
o óleo extraído é dividido entre
a União e as empresas vencedoras dos leilões. Boa parte do petróleo ficará nas mãos da nova
estatal do setor, representante
do governo federal.
A opção por esse modelo leva
em conta uma estratégia nacionalista. Permitir que a União
tenha controle sobre a maior
parte do óleo do pré-sal, dando
a ele o destino que considerar
mais adequado. Por exemplo,
evitar a exportação do óleo cru
e privilegiar o seu refino no
país, vendendo ao exterior produtos de maior valor agregado.
Isso, na avaliação do governo,
permitirá o fortalecimento da
indústria petrolífera no Brasil,
evitando uma das maldições do
petróleo nos países que têm reservas abundantes: a dependência de um único produto na
sua pauta de exportação, que
leva a uma valorização da moeda local e prejudica todo o parque industrial.
Os críticos da mudança alegam que o governo poderia
atingir todos seus objetivos
mantendo o modelo atual, instalado em 1997 com a aprovação da Lei do Petróleo no período tucano -época em que o
monopólio do petróleo foi flexibilizado no Brasil.
Bastaria elevar os tributos no
setor para que a parcela destinada à União aumentasse e fixar regras sobre a exportação
do produto. Mas, na avaliação
desses críticos, especialistas do
setor e petrolíferas internacionais, o governo petista fez prevalecer o lado nacionalista.
O primeiro sinal desse viés
veio com a decisão de criar uma
empresa 100% estatal para representar a União. O segundo,
com a de fazer a Petrobras a
principal petrolífera do pré-sal.
Além de ser a operadora única de todos os campos na região, a Petrobras terá a garantia
de que ficará com no mínimo
30% dos consórcios a serem
formados para explorar o pré-sal e ainda poderá ser escolhida
diretamente, sem licitação, para desenvolver os campos mais
rentáveis.
O modelo brasileiro, copiado
em boa parte do norueguês,
acabará sendo um sistema híbrido -já que as concessões
continuarão sendo adotadas
nos blocos de petróleo fora do
pré-sal e naqueles que não forem considerados estratégicos.
O governo Lula afirma que
esse caminho foi adotado por
todos os países que encontraram grandes reservas de petróleo, como a própria Noruega,
ou que nacionalizaram seus
campos, como ocorreu na Arábia Saudita.
(VALDO CRUZ)
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