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5 - O Brasil deve criar uma estatal para comandar a exploração
do pré-sal?
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Tema de proposta a ser enviada ao Congresso, a criação
de uma estatal do petróleo é
vista com restrições por diversos setores. Até os sindicatos
dos petroleiros, que defendem
a volta do monopólio, temem o
esvaziamento da Petrobras
com a nova empresa.
Alguns especialistas dizem
que ela é indispensável no novo
regime de partilha de produção. Outros afirmam que a ANP
(Agência Nacional do Petróleo)
pode cumprir o papel de administrar os contratos firmados
com as empresas escolhidas para explorar o pré-sal.
Para Edmar Almeida, do grupo de Economia da Energia da
UFRJ, a nova estatal é condição
básica para o regime de partilha
-pelo qual a propriedade do
óleo é da União, que remunera
as empresas parceiras com
uma parcela do produto.
Segundo ele, o sistema é
compatível com o menor risco
do pré-sal. O regime, diz, permite que a estatal não entre
com capital. As empresas investem e, após o início da produção, abatem o custo da parcela de óleo que cabe à União.
É nesse ponto que reside o
problema, segundo o secretário
de Fazenda do Rio, Joaquim
Levy. Ele afirma ser complicado aferir tais custos e chegar a
um acordo. "Na partilha, não
divide-se o petróleo. Se divide o
petróleo após a empresa tirar
os custos. É algo complexo."
Ele cita o contencioso entre o
Estado do Rio e a Petrobras,
que, na interpretação de Levy,
deduziu custos indevidos do
pagamento das participações
especiais (royalty adicional de
campos de grande produtividade, incidente sobre a receita líquida) do campo de Marlim.
A ANP, em 2007, admitiu o
erro e fixou o pagamento de R$
1,3 bilhão à União, ao Estado do
Rio e a municípios fluminenses. O caso está na Justiça.
O governo promete uma nova estatal enxuta, mas há o receio de que ela acabe por acomodar indicações políticas. Sua
receita será vultosa, já que administrará a venda da parcela
de petróleo da União -que pode chegar a até 80%.
"O governo terá de montar
escritório de venda de petróleo,
o que não é especialidade do setor público. No passado, teve
uma experiência ampla, diversificada e profunda no café. A
experiência do IBC [Instituto
Brasileiro do Café] pode iluminar essa nova estatal", ironiza
Levy. Inchado, ineficiente e sob
suspeitas de corrupção, o IBC
controlava toda a exportação
de café e foi extinto em 1989.
O ex-diretor-geral da ANP
Sebastião do Rêgo Barros não
vê necessidade de criar a estatal. A ANP poderia gerir os contratos e representar a União.
Adriana Perez, da FGV, compartilha da mesma opinião.
Defensor da volta do monopólio da Petrobras, Fernando
Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, diz que a nova estatal
será alvo de disputas políticas.
Para o coordenador da FUP
(Federação Única dos Petroleiros), João Antonio de Moraes, a
nova estatal esvaziará a Petrobras e não tem a mesma legitimidade, pois não nasceu "de
uma mobilização social" como
a companhia, criada em 1954.
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