CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Três empresas de outdoors -inclusive a maior da cidade- informaram ontem ter recebido a determinação de substituir, na noite de terça, cartazes do candidato do PP, Paulo Maluf, pelo do deficiente físico Alexandre Arêas.
Além disso, outra empresa -a Companhia Paulista de Outdoors- enviou ao PSDB documento atribuindo a Maluf a ordem de colagem do material. Nos outdoors, apócrifos, a imagem de Arêas é acompanhado da inscrição "A campanha de Serra me deu um calote".
Em decisão liminar concedida ao PSDB, a Justiça Eleitoral determinou, anteontem, a retirada das propagandas de outdoor que atribuem a Serra a pecha de "caloteiro", e proibiu novas veiculações. O tucano já tinha conseguido direito de resposta na TV por propaganda semelhante.
De acordo com a decisão, o PP, que foi mencionado na ação, deve ser notificado, "embora não haja segurança quanto à autoria que lhe é imputada a respeito da confecção e afixação do material questionado".
Maluf nega a autoria dos cartazes. Mas o presidente da Brasil Mídia Exterior (BME), com cerca de 1.600 pontos só na capital, Orlando Marques, conta que, no fim da tarde de terça-feira, foi determinada a "troca de motivo" dos cartazes de Maluf para a noite.
Como os 14 outdoors já faziam parte de um pacote destinado a Maluf, o comando da campanha não pagou mais por isso. Segundo Marques, foi uma gráfica -a LMG- a porta-voz da ordem. A gráfica nega.

Mesma história
Sua história confere com a do gerente comercial da Satélite Painéis, Luiz Paulo Capodaglio. Com uma diferença: segundo Capodaglio, foi o diretor comercial da BME, Fernando Rodovalho, quem reservou os espaços.
Anteontem, diz ele, a empresa teve de substituir dez cartazes de Maluf, sob o pretexto de que houve falha na impressão. Foi da empresa chamada Satélite o espaço exibido ontem na Folha."Não sabia o teor do cartaz. Se soubesse, não colaríamos."
De acordo com Capodaglio, foi a BME a responsável pela distribuição dos cartazes. Essa é também a versão do presidente da Novelli, Emílio Novelli. Ele diz ter recebido às 17h30, da BME, a orientação de troca de 11 cartazes. Como não tinha funcionários escalados para o turno da noite, não fixou os de Arêas.
"Sobre os outdoors de Maluf? Não deu para ir à rua por não ter quem colasse", disse ele, sugerindo que se procure a BME para obter informações.
Tanto Novelli como Capodaglio associam a BME à campanha de Maluf. Afirmando ser responsável pelos outdoors de campanha de Marta Suplicy (PT), Marques alega que o mercado vincula a empresa a Maluf porque, há semanas, foi responsável pela distribuição de cartazes do PP.

Sem dobradinha
Marques também rechaça os rumores de uma dobradinha entre Marta e Maluf contra Serra. Segundo ele, "isso nunca entrou na campanha do PT".
"Eles não pediram que fizéssemos nada dessa lambança. A única coisa que minha empresa fez foi substituir, de última hora, o material de campanha, para afixar nos pontos de Maluf", frisou.
A CPO, por sua vez, responsabiliza, no documento enviado ao PSDB, a gráfica LMG Digital pela impressão dos 28 cartazes afixados pela empresa. Como prova, a CPO encaminhou ao partido duas notas emitidas pela gráfica LMG. Numa, declara a entrega de 98 cartazes com a inscrição "Maluf -58% de aprovação". Em outra, registra 28 cartazes com o calote.
Ainda ontem, um dos pontos de exposição do outdoor -a cargo da BME- era o da avenida Bandeirantes, 677. Segundo o site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), esse é um dos 59 espaços destinados a Maluf na cidade.
No início da campanha, a Justiça Eleitoral fez um sorteio de 1.600 pontos entre candidatos para estas eleições. Cada postulante à cadeira de prefeito teve direito a 59. Como quem não tem condições de pagar pelo espaço -de pelo menos R$ 900 por 14 dias- põe o seu à disposição, pode haver um novo sorteio entre eles.


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