São Paulo, quinta-feira, 30 de setembro de 2010

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Irônico, Plínio ganha holofotes, mas não chega a 1% nas pesquisas

Nos debates na TV, adota tom provocador , faz críticas contundentes aos três principais presidenciáveis; Dilma é "um blefe" , Serra é a favor do latifúndio e Marina, "muito falsa"

FERNANDO GALLO
DE SÃO PAULO

"Eu imagino que você estão surpresos, né? Porque eram só três [candidatos], agora apareceu mais um."
Foi assim, provocador e histriônico, que Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) entrou na campanha eleitoral, no debate da Band, primeiro entre os presidenciáveis.
Com 1% na pesquisa Datafolha da época, Plínio teve assegurado o direito de participar dos debates na TV pela lei que obriga as emissoras a convidarem os candidatos de partidos com representação no Congresso. O socialista passava a dividir o palco com Dilma, Marina e Serra.
Pela aparição surpreendente, ganhou os holofotes e as redes sociais. Chegou aos assuntos mais comentados do Twitter e foi convidado pela Globo a dar entrevista a seus principais telejornais.
Na gravação do "Jornal Nacional" disse que a Globo criara uma "classe executiva" para os candidatos "chapa branca", que tiveram tempo maior do que o seu e foram entrevistados ao vivo nas bancadas dos programas. A emissora veiculou a crítica e, em editorial, respondeu ao socialista.
O candidato não decolou nas pesquisas. Após o debate da Band, voltou a não alcançar o patamar de 1%.
Nos debates, manteve sempre o ar galhofeiro e as críticas contundentes aos outros três candidatos ("tudo farinha do mesmo saco").
De Dilma ("essa moça é um blefe, foi inventada") disse que ninguém sabia como pensava porque não ia aos debates. Afirmou que ela não estaria "na situação difícil em que está" se não fosse "o desvio ético" do PT.
Também atacou Serra ("Zé", como o tratou), a quem acusou de esconder Fernando Henrique e de ser a favor do latifúndio e dos empresários. O socialista avaliou ainda que o tucano trata apenas do tema da saúde.
Nem Marina Silva escapou. Foi acusada por Plínio de "não saber pedir demissão", de abandonar o bispo dom Luiz Flávio Cappio quando este fez greve de fome contra a transposição do rio São Francisco e de ser "muita falsa" porque "rotula sem rotular, bate sem bater".
Por se referir a Marina como "ecocapitalista", o candidato socialista foi chamado pelo presidente do PV-RJ, Alfredo Sirkis, de "burguês quatrocentão". Ele se referia à declaração de bens de Plínio (R$ 2,1 milhões).
Quando o tema foi abordado durante a campanha, o candidato afirmou nunca ter escondido o fato e se disse "traidor da própria classe" por querer acabar com privilégios "da burguesia".

IRONIA
Sobre os risos que provocou ao longo da eleição, Plínio tem pronta resposta. "O que provoca riso é a ironia, pelo contraste entre a evidencia da situação e a falsidade dos meus adversários".
Com apenas um minuto na propaganda de TV e um limite de gastos de R$ 900 mil -contra R$ 157 milhões de Dilma e R$ 180 milhões de Serra-, acha que conseguiu dar o recado que queria.
"Mostrei aspectos fundamentais como o problema da desigualdade social, de fazer uma reforma agrária, da reforma urbana, da redução da jornada de trabalho".
Em autoavaliação, diz saber que tem uma plataforma radical. "O que eu digo é muito forte para uma população que foi acostumada à vida como ela é. Ela acha que não é possível além disso."

Plínio de Arruda Sampaio
PSOL

PRINCIPAIS PROPOSTAS:
> Destinação de 10% do PIB para a educação
> Redução da jornada de trabalho para 40h semanais
> Reforma agrária

Idade: 80
Origem: São Paulo (SP)

BIOGRAFIA:
> Foi subchefe da Casa Civil de São Paulo no fim da década de 1950 e deputado federal
> No exílio, após ter o mandato cassado pelo governo militar, trabalhou para a FAO(organização para agricultura e alimentação da ONU)
> De volta ao Brasil, em 1976, fundou o PT. Já foi deputado constituinte e candidatou-se ao governo de São Paulo duas vezes


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