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[!] Foco
Em domingo de improvisos, Lula faz comício em cima de caixote
DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO
No dia em que foi reeleito
presidente, Luiz Inácio Lula da
Silva esteve perto de situações
próprias de seus tempos bicudos de sindicalista. Improviso,
tumultos e brigas marcaram a
manhã do candidato em São
Bernardo do Campo, onde ele
votou e tem um apartamento.
O improviso veio na forma de
um caixote de madeira no qual
Lula teve de subir para fazer
um pronunciamento logo após
votar. Como a aglomeração de
repórteres à sua frente atrapalhava a visão dos cinegrafistas e
fotógrafos, assessores improvisaram o cadafalso. "Quem está
com o caixote para colocar aqui
para o presidente subir?", berrou uma assessora. Quando um
segurança posicionava o caixote, Lula olhou para o objeto fez
um meneio de cabeça, entre
surpreso e irritado com a solução mambembe. Mas subiu.
A assessoria da campanha do
petista teve de providenciar de
última hora credenciais "neutras", na cor cinza, para os jornalistas que foram cobrir o voto
de Lula -as originais eram vermelhas. Segundo a campanha, a
mudança foi determinada por
uma juíza eleitoral.
Ao sair da escola onde votou,
o presidente foi cumprimentar
a pequena multidão que formou-se no local, o que causou
um enorme tumulto. Em meio
à algazarra, três humoristas do
programa "Pânico na TV" (um
fantasiado de Lula, um de Alckmin e outro de Enéas) extrapolaram nas tentativas de se aproximar do petista e foram repreendidos com truculência
por seguranças presidenciais.
Carlos Alberto da Silva, apelidado de "Mendigo" no programa e que estava fantasiado de
Lula, chegou a subir no carro do
presidente, de onde foi tirado à
força. Os humoristas entregaram uma faixa presidencial à
primeira-dama Marisa Letícia.
Minutos antes de Lula descer
de seu apartamento para votar,
dois eleitores do PSDB passaram de carro em frente ao local,
onde se concentravam filiados
do PT, gritando provocações.
Visivelmente alcoolizado, Carlos Alberto Avolio e seu filho,
Felipe, seguravam uma bandeira do PSDB e um aviãozinho
feito com garrafas plásticas, representando o avião presidencial, comprado por Lula.
"Cadê o dinheiro? Mostra o
dinheiro", gritavam, em referência ao R$ 1,7 milhão usado
por petistas para a compra de
um dossiê antitucanos. A gritaria interrompeu uma entrevista que o coordenador da campanha petista, Marco Aurélio
Garcia, dava a emissoras de TV.
Começou então uma discussão. Um aposentado que se
identificou apenas como Carlos, que se diz eleitor de Lula há
25 anos, avançou sobre o carro.
Arrancou o avião das mãos de
Felipe e deu um soco nele. "Fui
agredido! Covarde! É a ditadura
vermelha!", berrava a vítima.
Um carro da PM que passava
pelo local evitou um confronto
maior. "Tem cabimento passar
aqui provocando? Quebrei o
avião e dei uma porrada nele",
justificou o agressor. As vítimas
foram embora sem prestar
queixa formal.
(FÁBIO VICTOR E FÁBIO ZANINI)
Colaborou SALVATORE CARROZZO
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