São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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[!] Foco

Em domingo de improvisos, Lula faz comício em cima de caixote

DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO

No dia em que foi reeleito presidente, Luiz Inácio Lula da Silva esteve perto de situações próprias de seus tempos bicudos de sindicalista. Improviso, tumultos e brigas marcaram a manhã do candidato em São Bernardo do Campo, onde ele votou e tem um apartamento.
O improviso veio na forma de um caixote de madeira no qual Lula teve de subir para fazer um pronunciamento logo após votar. Como a aglomeração de repórteres à sua frente atrapalhava a visão dos cinegrafistas e fotógrafos, assessores improvisaram o cadafalso. "Quem está com o caixote para colocar aqui para o presidente subir?", berrou uma assessora. Quando um segurança posicionava o caixote, Lula olhou para o objeto fez um meneio de cabeça, entre surpreso e irritado com a solução mambembe. Mas subiu.
A assessoria da campanha do petista teve de providenciar de última hora credenciais "neutras", na cor cinza, para os jornalistas que foram cobrir o voto de Lula -as originais eram vermelhas. Segundo a campanha, a mudança foi determinada por uma juíza eleitoral.
Ao sair da escola onde votou, o presidente foi cumprimentar a pequena multidão que formou-se no local, o que causou um enorme tumulto. Em meio à algazarra, três humoristas do programa "Pânico na TV" (um fantasiado de Lula, um de Alckmin e outro de Enéas) extrapolaram nas tentativas de se aproximar do petista e foram repreendidos com truculência por seguranças presidenciais.
Carlos Alberto da Silva, apelidado de "Mendigo" no programa e que estava fantasiado de Lula, chegou a subir no carro do presidente, de onde foi tirado à força. Os humoristas entregaram uma faixa presidencial à primeira-dama Marisa Letícia.
Minutos antes de Lula descer de seu apartamento para votar, dois eleitores do PSDB passaram de carro em frente ao local, onde se concentravam filiados do PT, gritando provocações. Visivelmente alcoolizado, Carlos Alberto Avolio e seu filho, Felipe, seguravam uma bandeira do PSDB e um aviãozinho feito com garrafas plásticas, representando o avião presidencial, comprado por Lula.
"Cadê o dinheiro? Mostra o dinheiro", gritavam, em referência ao R$ 1,7 milhão usado por petistas para a compra de um dossiê antitucanos. A gritaria interrompeu uma entrevista que o coordenador da campanha petista, Marco Aurélio Garcia, dava a emissoras de TV.
Começou então uma discussão. Um aposentado que se identificou apenas como Carlos, que se diz eleitor de Lula há 25 anos, avançou sobre o carro. Arrancou o avião das mãos de Felipe e deu um soco nele. "Fui agredido! Covarde! É a ditadura vermelha!", berrava a vítima.
Um carro da PM que passava pelo local evitou um confronto maior. "Tem cabimento passar aqui provocando? Quebrei o avião e dei uma porrada nele", justificou o agressor. As vítimas foram embora sem prestar queixa formal.
(FÁBIO VICTOR E FÁBIO ZANINI)


Colaborou SALVATORE CARROZZO

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