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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA
Ministros decretam fim da "era Palocci"
Tarso aponta "preocupação neurótica com a inflação" na gestão do ex-ministro da Fazenda, e Dilma Rousseff diz que período acabou
"Não acredito que um ministro como Tarso Genro possa fazer reparo à política econômica do presidente Lula", afirmou Palocci
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antecipando a abertura oficial da temporada de disputa de
forças dentro do governo pela
definição da nova política econômica no segundo mandato
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais)
afirmou, ontem, que "acabou a
era Palocci no Brasil".
Ele se referia ao ex-ministro
da Fazenda, que comandou a
economia durante três anos, e
provocou a ira de parte do PT
ao implementar uma política
de contenção de gastos e juros
altos similar ao receituário dos
tucanos que comandaram o
país nos oito anos anteriores.
A votação mal tinha começado quando Genro fez as declarações em Porto Alegre, enfatizando que os próximos anos serão marcados pelo fim de uma
política econômica ""monetarista e conservadora" e o começo de um ""governo desenvolvimentista". ""Até posso dizer
que, no primeiro ano do governo, ele [Palocci] prestou bons
serviços. Mas taxas baixas de
crescimento, preocupação
neurótica com a inflação sem
pensar em distribuição de renda e desenvolvimento, isso terminou", afirmou.
O contra-ataque de Antonio
Palocci veio logo após a declaração de Genro. "Nunca existiu
uma "era Palocci". Não acredito
que um ministro como o Tarso
Genro possa fazer qualquer reparo à política econômica do
presidente Lula, que tem sido
vitoriosa", disse o ex-ministro,
ao votar, em Ribeirão Preto.
Já a ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil), maior defensora
de mais flexibilidade na economia, disse que "a política [econômica] tinha um sentido bastante claro e foi importante". E
acrescentou: "O primeiro momento acabou. Tivemos um período e passamos por ele".
O ministro Luiz Marinho
(Trabalho) foi ainda mais enfático: "O Palocci já foi. Precisamos concluir a transição para
retomar o crescimento. Palocci
foi um craque, mas precisamos
entrar numa nova fase, que é a
do crescimento".
Palocci, apesar de ter saído
do governo enfraquecido por
denúncias de corrupção e pela
violação do sigilo bancário do
caseiro Francenildo Costa, retornou à cena política ao ser
eleito deputado federal por São
Paulo. Antes mesmo disso -já
durante a sua campanha para
Câmara-, ele dava sinais de
que estava na disputa pelo poder ao defender, em reuniões
com analistas financeiros, o nome do presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles,
para o lugar do ministro Guido
Mantega (Fazenda).
Mantega tenta ficar no cargo
com o apoio de Genro e Dilma e
ontem disse que o governo vai
entrar "em uma nova fase".
"Vai ficar mais claro o caráter
desenvolvimentista, com crescimento maior da economia. O
desenvolvimentismo virá à tona, com crescimento acima de
5%, geração de mais empregos.
Isso ficará mais marcado".
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