São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA

Ministros decretam fim da "era Palocci"

Tarso aponta "preocupação neurótica com a inflação" na gestão do ex-ministro da Fazenda, e Dilma Rousseff diz que período acabou

"Não acredito que um ministro como Tarso Genro possa fazer reparo à política econômica do presidente Lula", afirmou Palocci

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antecipando a abertura oficial da temporada de disputa de forças dentro do governo pela definição da nova política econômica no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) afirmou, ontem, que "acabou a era Palocci no Brasil".
Ele se referia ao ex-ministro da Fazenda, que comandou a economia durante três anos, e provocou a ira de parte do PT ao implementar uma política de contenção de gastos e juros altos similar ao receituário dos tucanos que comandaram o país nos oito anos anteriores.
A votação mal tinha começado quando Genro fez as declarações em Porto Alegre, enfatizando que os próximos anos serão marcados pelo fim de uma política econômica ""monetarista e conservadora" e o começo de um ""governo desenvolvimentista". ""Até posso dizer que, no primeiro ano do governo, ele [Palocci] prestou bons serviços. Mas taxas baixas de crescimento, preocupação neurótica com a inflação sem pensar em distribuição de renda e desenvolvimento, isso terminou", afirmou.
O contra-ataque de Antonio Palocci veio logo após a declaração de Genro. "Nunca existiu uma "era Palocci". Não acredito que um ministro como o Tarso Genro possa fazer qualquer reparo à política econômica do presidente Lula, que tem sido vitoriosa", disse o ex-ministro, ao votar, em Ribeirão Preto.
Já a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), maior defensora de mais flexibilidade na economia, disse que "a política [econômica] tinha um sentido bastante claro e foi importante". E acrescentou: "O primeiro momento acabou. Tivemos um período e passamos por ele".
O ministro Luiz Marinho (Trabalho) foi ainda mais enfático: "O Palocci já foi. Precisamos concluir a transição para retomar o crescimento. Palocci foi um craque, mas precisamos entrar numa nova fase, que é a do crescimento".
Palocci, apesar de ter saído do governo enfraquecido por denúncias de corrupção e pela violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, retornou à cena política ao ser eleito deputado federal por São Paulo. Antes mesmo disso -já durante a sua campanha para Câmara-, ele dava sinais de que estava na disputa pelo poder ao defender, em reuniões com analistas financeiros, o nome do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para o lugar do ministro Guido Mantega (Fazenda).
Mantega tenta ficar no cargo com o apoio de Genro e Dilma e ontem disse que o governo vai entrar "em uma nova fase". "Vai ficar mais claro o caráter desenvolvimentista, com crescimento maior da economia. O desenvolvimentismo virá à tona, com crescimento acima de 5%, geração de mais empregos. Isso ficará mais marcado".


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