DA REDAÇÃO

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi hostilizado ontem por eleitores ao comparecer para votar em uma universidade de Moema, bairro nobre da zona sul de SP, pela manhã.
Escoltado por um grupo de correligionários, o deputado cassado ouviu gritos de "ladrão" e "bandido" logo que chegou ao local. Uma eleitora, que aparentava ter 50 anos, provocou um início de tumulto ao tentar se aproximar do petista. Ela foi contida por um dos militantes que acompanhavam Dirceu. Houve empurra-empurra dentro do colégio. Na saída, eleitores arremessaram dois pastéis em direção ao ex-ministro, que não foi atingido. Os pastéis caíram no asfalto.
"Pode investigar à vontade. Não tenho objeção nenhuma a ser investigado em relação ao dossiê", disse Dirceu, citando o episódio da compra de documentos para prejudicar políticos do PSDB. O ex-deputado teve o nome envolvido no escândalo após serem identificadas ligações telefônicas para Jorge Lorenzetti -ex-analista de risco e mídia da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição e apontado como mentor do esquema- dias antes de emissários do PT serem presos em um hotel de SP com R$ 1,7 milhão.
"Se o Lorenzetti ligou para mim, se encontrou comigo, uma coisa não tem nada a ver com a outra", defendeu-se.
Dirceu deixou a Casa Civil em junho de 2005 após ser acusado de liderar o esquema do mensalão. Ele voltou para a Câmara dos Deputados, mas teve o mandato cassado. Em 2002, foi o coordenador da campanha vitoriosa de Lula à Presidência.
Ontem, o presidente nacional do PT, Marco Aurélio Garcia, lamentou o episódio e disse que Dirceu foi punido menos em razão dos erros que cometeu e mais pela imagem que projetou na sociedade.


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