São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Empresários dizem que crescer deve ser prioridade de novo mandato

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Crescer. Esse é o principal alvo que o país deverá perseguir nos próximos quatro anos, na opinião de empresários da indústria, do comércio e do setor financeiro ouvidos pela Folha.
Para eles, o Brasil tem de substituir o círculo vicioso de gasto público excessivo, alta taxa de juros, pesada carga tributária, baixo nível de investimento e crescimento medíocre pelo círculo virtuoso de corte de gastos, redução dos juros, enxugamento de impostos, aumento de investimentos e maior expansão do PIB.
O círculo vicioso está na origem da má performance do Brasil em um momento excepcional da economia global. No ano passado, o país cresceu abaixo da média mundial (2,3% contra 4,8%), cenário que vai se repetir em 2006.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), afirma que o governo terá de ter "obsessão pelo crescimento". Antes do primeiro turno, a entidade entregou aos candidatos propostas com o título "Reformar para Crescer".
O primeiro ponto é justamente o controle dos gastos públicos, para que o Estado recupere sua capacidade de investimento e haja espaço para redução da carga tributária, que está em 38% do PIB.
Para Skaf, o presidente Lula deverá propor as mudanças nos primeiros cem dias de seu novo mandato, quando ainda terá o respaldo das urnas.
O presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e do Bradesco, Márcio Cypriano, defende a adoção de metas de crescimento do PIB e de redução do gasto público. Em sua opinião, o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi bem-sucedido no processo de estabilização, a ponto de o país ter neste ano uma inflação que ficará abaixo da meta de 4,5%.
Cumprida a tarefa da estabilização, a principal missão agora é crescer, ressalta.
A mesma posição é defendida pelo deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), que aponta ainda a necessidade de melhoria do ambiente de negócios como forma de aumentar investimentos. Esse capítulo inclui a definição de marcos regulatórios e o fortalecimento das agências reguladoras. As duas medidas dão segurança ao investidor em contratos de infra-estrutura de longo prazo.
Monteiro considera inevitáveis novas reformas, entre as quais a política, a tributária, a trabalhista e a previdenciária, que também são defendidas pelo presidente da Federação do Comércio de São Paulo, Abram Szajman.
O presidente da Bracelpa (Associação Brasileira das Empresas de Papel e Celulose) e ex-presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, diz que o crescimento será o "megatema" dos próximos quatro anos.
Como os demais empresários, Piva defende redução do gasto público, reformas, definição de marcos regulatórios e desoneração do investimento. O ex-presidente da Fiesp acredita que 2007 será ano de um "pouquinho mais" de crescimento, mas de muita conversa e negociação. "Estou convencido de que o presidente Lula vai querer colocar o crescimento entre suas prioridades", diz.
O presidente do Ciesp (Centro das Indústrias de São Paulo), Claudio Vaz, propõe medidas de curto prazo, que não dependem de reformas constitucionais e teriam impacto imediato sobre o crescimento.
No topo da lista está a desoneração de investimentos. "O empresário que gasta R$ 100 na compra de uma máquina paga R$ 23 de tributos." Outra medida é equiparar o tratamento fiscal do investimento estrangeiro. Em fevereiro, o governo isentou de Imposto de Renda o rendimento obtido com a compra de títulos públicos, mas os investidores estrangeiros continuam a pagar o tributo se optarem pela compra de papéis emitidos por empresas. Vaz defende isenção para os dois tipos de aplicação.


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