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Empresários dizem que crescer deve ser prioridade de novo mandato
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Crescer. Esse é o principal alvo que o país deverá perseguir
nos próximos quatro anos, na
opinião de empresários da indústria, do comércio e do setor
financeiro ouvidos pela Folha.
Para eles, o Brasil tem de
substituir o círculo vicioso de
gasto público excessivo, alta taxa de juros, pesada carga tributária, baixo nível de investimento e crescimento medíocre
pelo círculo virtuoso de corte
de gastos, redução dos juros,
enxugamento de impostos, aumento de investimentos e
maior expansão do PIB.
O círculo vicioso está na origem da má performance do
Brasil em um momento excepcional da economia global. No
ano passado, o país cresceu
abaixo da média mundial (2,3%
contra 4,8%), cenário que vai se
repetir em 2006.
Paulo Skaf, presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
afirma que o governo terá de
ter "obsessão pelo crescimento". Antes do primeiro turno, a
entidade entregou aos candidatos propostas com o título
"Reformar para Crescer".
O primeiro ponto é justamente o controle dos gastos
públicos, para que o Estado recupere sua capacidade de investimento e haja espaço para
redução da carga tributária,
que está em 38% do PIB.
Para Skaf, o presidente Lula
deverá propor as mudanças
nos primeiros cem dias de seu
novo mandato, quando ainda
terá o respaldo das urnas.
O presidente da Febraban
(Federação Brasileira dos Bancos) e do Bradesco, Márcio
Cypriano, defende a adoção de
metas de crescimento do PIB e
de redução do gasto público.
Em sua opinião, o primeiro
mandato do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva foi bem-sucedido no processo de estabilização, a ponto de o país ter
neste ano uma inflação que ficará abaixo da meta de 4,5%.
Cumprida a tarefa da estabilização, a principal missão agora é crescer, ressalta.
A mesma posição é defendida pelo deputado Armando
Monteiro Neto (PTB-PE), presidente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), que
aponta ainda a necessidade de
melhoria do ambiente de negócios como forma de aumentar
investimentos. Esse capítulo
inclui a definição de marcos regulatórios e o fortalecimento
das agências reguladoras. As
duas medidas dão segurança ao
investidor em contratos de infra-estrutura de longo prazo.
Monteiro considera inevitáveis novas reformas, entre as
quais a política, a tributária, a
trabalhista e a previdenciária,
que também são defendidas
pelo presidente da Federação
do Comércio de São Paulo,
Abram Szajman.
O presidente da Bracelpa
(Associação Brasileira das Empresas de Papel e Celulose) e
ex-presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, diz que o crescimento será o "megatema" dos
próximos quatro anos.
Como os demais empresários, Piva defende redução do
gasto público, reformas, definição de marcos regulatórios e
desoneração do investimento.
O ex-presidente da Fiesp acredita que 2007 será ano de um
"pouquinho mais" de crescimento, mas de muita conversa
e negociação. "Estou convencido de que o presidente Lula vai
querer colocar o crescimento
entre suas prioridades", diz.
O presidente do Ciesp (Centro das Indústrias de São Paulo), Claudio Vaz, propõe medidas de curto prazo, que não dependem de reformas constitucionais e teriam impacto imediato sobre o crescimento.
No topo da lista está a desoneração de investimentos. "O
empresário que gasta R$ 100
na compra de uma máquina
paga R$ 23 de tributos." Outra
medida é equiparar o tratamento fiscal do investimento
estrangeiro. Em fevereiro, o
governo isentou de Imposto de
Renda o rendimento obtido
com a compra de títulos públicos, mas os investidores estrangeiros continuam a pagar o
tributo se optarem pela compra de papéis emitidos por empresas. Vaz defende isenção
para os dois tipos de aplicação.
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