|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
[!] Foco
Elite peessedebista atribui vitória de Lula à falta de informação do "povão"
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Freqüentadores de Higienópolis, bairro de Fernando
Henrique Cardoso e reduto
de intelectuais tucanos, tentavam explicar ontem o que
um deles classificou de "fenômeno Lula", referindo-se ao
crescimento do candidato petista nas pesquisas, "apesar da
roubalheira do PT".
"O eleitor do Lula é o povo
do interior ou do Nordeste,
que não tem acesso à informação e por isso não sabe o
quanto se roubou no governo
do PT", formula a artesã Maria Lúcia Barros Barreto, 66.
"As pessoas podem até assistir ao jornal pela TV, mas
muitas não têm condição de
interpretar a notícia", acrescenta a executiva Margareth
Goldenberg, 44.
Na opinião dela, o erro de
Alckmin foi transmitir seu
programa de governo de maneira muito formal. "É triste,
mas só ganha quem reduz a
qualidade do discurso para
atingir o maior número de
eleitores possível."
A administradora de empresas Patrícia Marino, 40,
acredita que "Lula faz apologia da pobreza e fala mal o
português de propósito".
Sua tia, a pedagoga Cecília
Andreolli, não tem dúvidas:
"O que estragou foi colocarem o Alckmin ao lado do
(Anthony) Garotinho. Quem
teve aquela idéia?"
Incrédulas na quantidade
de votos para Lula, as duas
afirmam que "tem muito petista enrustido por aí".
Em cerca de três horas de
entrevistas na praça Vilaboim, coração de Higienópolis, a Folha observou que
existe uma tentativa de "organizar" o pensamento -sem
garantia de coerência.
Mesmo afirmando que "o
povão vota no Lula" porque
não tem acesso à informação,
a artesã Maria Lúcia diz que é
contra publicar pesquisa antes da eleição. "Isso induz o
voto do eleitor (ignorante)."
A aposentada Zuleika Frizzo afirma que "Lula rouba"
-mas não se responsabiliza
pela idoneidade do PSDB.
"Pelo menos, a gente não tem
a sensação de que está sendo
extorquido." Para ela, "o brasileiro perdeu a credibilidade
em si mesmo". "Os americanos começaram uma nação
de verdade; os portugueses já
chegaram extorquindo."
Dizendo-se "abaladas",
mas sem parecer propriamente tristes, a mesária tucana Flávia Heilman, 27, e sua
amiga, a designer Tatiana
Bauman, 28, perguntam, sentadas no terraço do lado de
fora de um barzinho: "Se a
gente fizer cara de desoladas,
você colocará nossa foto na
capa do jornal?"
Flávia prepara-se para a
pose, segurando o dinheiro
que recebeu para despesa
com o almoço. "Ganhei R$ 10
pro "lanche'", debocha.
Texto Anterior: Alckmin quer se tornar novo líder do PSDB Próximo Texto: Eleições 2006 - Presidência: PT cogitou apostar na cisão do país entre ricos e pobres Índice
|