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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA
Lula sinaliza que pode conduzir reforma sozinho
Presidente reeleito não quer antecipar disputas por vagas nos ministérios
Guido Mantega deve ser mantido no ministério da Fazenda. Ministro disse
que está sendo fritado
por colegas do partido
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas duas semanas que antecederam o segundo turno, os
ministros e parlamentares que
acompanharam o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva em
viagens pelo Brasil garantem
que não ouviram dele sequer
uma palavra sobre a composição do novo governo.
O presidente deu apenas
duas sinalizações. A primeira,
que não quer antecipar disputas por vagas nos ministérios e
que, por isso, vai conduzir o
processo sozinho, com calma,
até dezembro. A segunda: mandou um aviso ao ministro da
Fazenda, Guido Mantega, de
que não há nenhuma razão para que ele se sinta incomodado
com as especulações sobre seu
afastamento.
Mantega fez chegar aos ouvidos de Lula seu descontentamento com as últimas notícias
de que pode ser substituído por
Sérgio Gabrielli, presidente da
Petrobras, ou por Fernando Pimentel, prefeito de Belo Horizonte. O ministro disse que está
sendo fritado por colegas do
partido. Lula o tranqüilizou.
Auxiliares próximos de Lula
ponderam que Mantega pode
até ser remanejado no governo
-ele já foi ministro do Planejamento e presidente do
BNDES-, mas as chances de
sair são remotíssimas.
"Sou prefeito e quero ficar
até o final do mandato. Não vejo nenhuma vantagem em
substituir o Guido no ministério", disse Pimentel. Reservadamente, petistas acham que a
verdadeira disputa não acontecerá na Fazenda, mas no Banco
Central, onde há pressão para a
queda de Henrique Meirelles.
A composição de um novo
governo terá que levar em conta muitas variáveis. Em primeiro lugar, a situação do PMDB
nos Estados. Outra peça do jogo
é a sucessão às presidências
da Câmara e do Senado. Se
forem reconduzidos ao posto
Renan Calheiros e Aldo Rebelo,
por exemplo, Lula poderá
acomodar o deputado eleito
Ciro Gomes (PSB-CE) em um
ministério.
O grupo político da ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) acha
temerário que ela ocupe um
ministério, apesar de ser cotada. Reservadamente, o próprio
Lula já manifestou preocupações em levar Marta para a Esplanada. Os aliados da ex-prefeita acham que Marta terá desgastes, o que atrapalha o seu
projeto mais ambicioso: a disputa pela prefeitura de São
Paulo em 2008.
O presidente estará atento,
ainda, às fusões entre as legendas. Um aliado de Lula disse,
por exemplo, que não é tão simples assim imaginar o presidente retirar o ministério dos
Transportes do PL para cedê-lo
ao PMDB. E explica a razão: ao
se fundir com o Prona e o PT do
B, o partido passa a ter uma
bancada de 26 deputados e três
senadores, uma equação política que Lula não poderá desprezar no Congresso.
Por outro lado, PSB e PC do B
passam a ter mais força política, enquanto PP e PTB perdem
o posto de aliados relevantes. O
PSB elegeu 27 deputados e três
governadores (Cid Gomes, no
Ceará, Vilma Farias, no Rio
Grande do Norte, e Eduardo
Gomes, em Pernambuco).
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