São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA

Lula sinaliza que pode conduzir reforma sozinho

Presidente reeleito não quer antecipar disputas por vagas nos ministérios

Guido Mantega deve ser mantido no ministério da Fazenda. Ministro disse que está sendo fritado por colegas do partido

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas duas semanas que antecederam o segundo turno, os ministros e parlamentares que acompanharam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens pelo Brasil garantem que não ouviram dele sequer uma palavra sobre a composição do novo governo.
O presidente deu apenas duas sinalizações. A primeira, que não quer antecipar disputas por vagas nos ministérios e que, por isso, vai conduzir o processo sozinho, com calma, até dezembro. A segunda: mandou um aviso ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que não há nenhuma razão para que ele se sinta incomodado com as especulações sobre seu afastamento.
Mantega fez chegar aos ouvidos de Lula seu descontentamento com as últimas notícias de que pode ser substituído por Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, ou por Fernando Pimentel, prefeito de Belo Horizonte. O ministro disse que está sendo fritado por colegas do partido. Lula o tranqüilizou.
Auxiliares próximos de Lula ponderam que Mantega pode até ser remanejado no governo -ele já foi ministro do Planejamento e presidente do BNDES-, mas as chances de sair são remotíssimas.
"Sou prefeito e quero ficar até o final do mandato. Não vejo nenhuma vantagem em substituir o Guido no ministério", disse Pimentel. Reservadamente, petistas acham que a verdadeira disputa não acontecerá na Fazenda, mas no Banco Central, onde há pressão para a queda de Henrique Meirelles.
A composição de um novo governo terá que levar em conta muitas variáveis. Em primeiro lugar, a situação do PMDB nos Estados. Outra peça do jogo é a sucessão às presidências da Câmara e do Senado. Se forem reconduzidos ao posto Renan Calheiros e Aldo Rebelo, por exemplo, Lula poderá acomodar o deputado eleito Ciro Gomes (PSB-CE) em um ministério.
O grupo político da ex-prefeita Marta Suplicy (PT-SP) acha temerário que ela ocupe um ministério, apesar de ser cotada. Reservadamente, o próprio Lula já manifestou preocupações em levar Marta para a Esplanada. Os aliados da ex-prefeita acham que Marta terá desgastes, o que atrapalha o seu projeto mais ambicioso: a disputa pela prefeitura de São Paulo em 2008.
O presidente estará atento, ainda, às fusões entre as legendas. Um aliado de Lula disse, por exemplo, que não é tão simples assim imaginar o presidente retirar o ministério dos Transportes do PL para cedê-lo ao PMDB. E explica a razão: ao se fundir com o Prona e o PT do B, o partido passa a ter uma bancada de 26 deputados e três senadores, uma equação política que Lula não poderá desprezar no Congresso.
Por outro lado, PSB e PC do B passam a ter mais força política, enquanto PP e PTB perdem o posto de aliados relevantes. O PSB elegeu 27 deputados e três governadores (Cid Gomes, no Ceará, Vilma Farias, no Rio Grande do Norte, e Eduardo Gomes, em Pernambuco).


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