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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA
Oposição pretende manter escândalo do dossiê sob pressão
Oposicionistas negam que haverá um "terceiro turno", mas desdobramentos da investigação têm potencial imprevisível
Vice-presidente da CPI dos Sanguessugas diz que "o governo vai conviver com um ambiente de disputa política muito grande"
RANIER BRAGON
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Transcorridos 46 dias desde
a eclosão do dossiegate, o caso
ainda reúne elementos capazes
de atormentar o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
A origem do R$ 1,7 milhão
usado para a frustrada compra
dos papéis antitucanos ainda
não foi esclarecida e, apesar de
dizerem que não pretendem
promover um "terceiro turno",
os oposicionistas afirmam que
vão manter a disposição de cobrar até o fim a apuração.
"Não haverá crise institucional, o governo não acabará antes de começar, mas vai conviver com um ambiente de disputa política muito grande", diz o
vice-presidente da CPI dos
Sanguessugas, deputado Raul
Jungmann (PPS-PE).
Prova disso é que amanhã a
CPI vai ouvir o ex-coordenador
do setor de inteligência da campanha de Lula, Jorge Lorenzetti, apontado pela Polícia Federal como o articulador da trama
para a compra do dossiê. No
mesmo dia serão ouvidos Valdebran Padilha e Gedimar Passos, presos com R$ 1,7 milhão
no dia 15 de setembro.
A prisão dos dois detonou um
processo que, aliado a outros
fatores, evitou que a eleição
fosse encerrada no primeiro
turno. Apesar de oposicionistas
e governistas dizerem não acreditar que o Tribunal Superior
Eleitoral possa anular a decisão
do eleitor, o fato é que os desdobramentos das investigações
têm potencial imprevisível,
tanto é que a principal hipótese
da PF é que o dinheiro tenha
vindo do caixa dois do PT.
Mas o PT vê agora como benéfico o segundo turno, já que
isso pôde possibilitar uma vitória mais robusta de Lula. PSDB
e PFL, que apostaram todas as
esperanças de virada no episódio, passaram nos últimos dias
ao resignado discurso de que os
escândalos do atual governo
"anestesiaram" o país.
A Folha conversou com governistas na semana que passou. Embalados por pesquisas
apontando diferença pró-Lula
de mais de 20 pontos percentuais, o diagnóstico é menos severo. Em primeiro lugar, avaliam que o "dossiegate" foi
mais prejudicial aos governistas do que a Lula. Isso porque a
crise, segundo eles, evitou a
eleição de uma bancada governista mais robusta para o Congresso. "É óbvio que a eleição
de uma bancada mais expressiva foi prejudicada. Tivemos um
gravíssimo exemplo em SP, onde as pesquisas davam ampla
vantagem para Eduardo Suplicy na disputa ao Senado e,
no final, a diferença dele para
Afif [PFL] foi pequena", diz Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder
do governo na Câmara.
Já o lado bom da crise, para
os governistas, foi haver um segundo turno. A tese dá conta de
que caso Lula vencesse de forma apertada no primeiro turno, isso daria margem a um
movimento de contestação na
linha de "país dividido".
Depoimentos
O corregedor-geral eleitoral,
ministro Cesar Asfor Rocha,
disse que, a partir desta semana, começará a marcar os depoimentos de testemunhas a
serem ouvidas para a ação do
dossiegate em curso no TSE.
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