São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA

Oposição será dura, afirma FHC

Ex-presidente declara que o PSDB agirá com responsabilidade, mas sem "baixar a cabeça" para Lula

Tucano avalia que segundo mandato de Lula será pior que o primeiro e diz que o PSDB sai da eleição ainda como forte pólo de poder

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o PSDB deverá fazer uma "oposição dura, mas responsável" no segundo mandato de Lula: "Não pensem que vou baixar a cabeça. Numa democracia, quem não ganha faz oposição. A governabilidade não depende de quem perde", afirmou, depois de votar, ontem pela manhã, no Colégio Nossa Senhora do Sion, em Higienópolis, na região central de São Paulo.
"O voto será respeitado, mas o presidente vai ter que dançar com o pé na música da lei, da Constituição. Não pode jogar a sujeira para debaixo do tapete", disse. FHC questiona como será o ministério no segundo mandato de Lula: "É de gente que inspira confiança ou serão quadrilheiros de novo?"
Horas antes, ao acompanhar o voto do candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, em colégio da zona sul de São Paulo, o ex-presidente disse que o PSDB continua como um forte pólo de poder.
"Este é um país muito forte, uma sociedade dinâmica, vai em frente, não tenha dúvida nenhuma. O problema que está meio desarranjado aqui não é o Brasil, é a política. Precisa ter realmente uma relação mais franca com este país, precisa ter menos truque. E sobretudo menos corrupção, não dá mais, acobertamento e impunidade."
O ex-presidente diz que o partido não fará "conchavos": "Quem está na oposição não é para ir beijar a mão de presidente. O que houver de errado, o que for crime, tem que ser punido. Eu repito o Geraldo Alckmin: "Não se pode pedir conivência com a impunidade'".
Sobre o diálogo com o governo, questiona: "Conversar sobre o quê? O presidente está propondo alguma lei, alguma coisa que interesse para o país? Democracia não implica ficar de mal. Implica ter posição firme e discutir com a sociedade". FHC não vê condições políticas para um impeachment. Ele diz que "alguns líderes do PT ficam confundindo as coisas". "Quantas declarações você viu nos jornais, do presidente do PT, do ministro das Relações Institucionais, dizendo que tem golpismo? Qual é o golpismo? Não tem nenhum", afirma.
FHC não acredita que Lula fará um segundo mandato melhor que o primeiro. "No segundo, já não há as perspectivas de continuidade de poder. Lula já vem com um passivo muito grande. Está atormentado pelos desatinos de seu partido, de seus companheiros, de seus ministros. Ele perdeu a capacidade de somar, de ser uma pessoa que agrega. Passou a ser uma pessoa que se fixou em ganhar a eleição. Para ganhar a eleição faz aliança com todo o mundo."
Disse que o país tem que retomar o crescimento de maneira responsável, sem aumentar o déficit fiscal, concentrar as atenções na educação e na segurança pública: "Ninguém mais fala, mas amanhã, simbolicamente, a questão da segurança pública vai estourar".
FHC diz que está acostumado com as críticas de Lula: "Eu tenho lá em casa um bonequinho do Lula, de pelúcia, que um artista fez. Cada vez que ele me bate eu vou lá e passo a mão na cabeça dele: "Fica calmo, presidente'". "Não sou pessimista. Tomara que o presidente Lula aprenda com os erros", disse.
(Colaborou RUBENS VALENTE, da Reportagem Local)


Texto Anterior: Eleições 2006 - Presidência: PSDB admite erro ao "esfriar" campanha
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.