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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA
Oposição será dura, afirma FHC
Ex-presidente declara que o PSDB agirá com responsabilidade, mas sem "baixar a cabeça" para Lula
Tucano avalia que segundo mandato de Lula será pior que o primeiro e diz que o PSDB sai da eleição ainda como forte pólo de poder
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso disse que o
PSDB deverá fazer uma "oposição dura, mas responsável" no
segundo mandato de Lula:
"Não pensem que vou baixar a
cabeça. Numa democracia,
quem não ganha faz oposição. A
governabilidade não depende
de quem perde", afirmou, depois de votar, ontem pela manhã, no Colégio Nossa Senhora
do Sion, em Higienópolis, na
região central de São Paulo.
"O voto será respeitado, mas
o presidente vai ter que dançar
com o pé na música da lei, da
Constituição. Não pode jogar a
sujeira para debaixo do tapete",
disse. FHC questiona como será o ministério no segundo
mandato de Lula: "É de gente
que inspira confiança ou serão
quadrilheiros de novo?"
Horas antes, ao acompanhar
o voto do candidato tucano à
Presidência, Geraldo Alckmin,
em colégio da zona sul de São
Paulo, o ex-presidente disse
que o PSDB continua como um
forte pólo de poder.
"Este é um país muito forte,
uma sociedade dinâmica, vai
em frente, não tenha dúvida
nenhuma. O problema que está
meio desarranjado aqui não é o
Brasil, é a política. Precisa ter
realmente uma relação mais
franca com este país, precisa
ter menos truque. E sobretudo
menos corrupção, não dá mais,
acobertamento e impunidade."
O ex-presidente diz que o
partido não fará "conchavos":
"Quem está na oposição não é
para ir beijar a mão de presidente. O que houver de errado,
o que for crime, tem que ser punido. Eu repito o Geraldo Alckmin: "Não se pode pedir conivência com a impunidade'".
Sobre o diálogo com o governo, questiona: "Conversar sobre o quê? O presidente está
propondo alguma lei, alguma
coisa que interesse para o país?
Democracia não implica ficar
de mal. Implica ter posição firme e discutir com a sociedade".
FHC não vê condições políticas
para um impeachment. Ele diz
que "alguns líderes do PT ficam
confundindo as coisas". "Quantas declarações você viu nos
jornais, do presidente do PT, do
ministro das Relações Institucionais, dizendo que tem golpismo? Qual é o golpismo? Não
tem nenhum", afirma.
FHC não acredita que Lula
fará um segundo mandato melhor que o primeiro. "No segundo, já não há as perspectivas de
continuidade de poder. Lula já
vem com um passivo muito
grande. Está atormentado pelos desatinos de seu partido, de
seus companheiros, de seus ministros. Ele perdeu a capacidade de somar, de ser uma pessoa
que agrega. Passou a ser uma
pessoa que se fixou em ganhar a
eleição. Para ganhar a eleição
faz aliança com todo o mundo."
Disse que o país tem que retomar o crescimento de maneira responsável, sem aumentar
o déficit fiscal, concentrar as
atenções na educação e na segurança pública: "Ninguém
mais fala, mas amanhã, simbolicamente, a questão da segurança pública vai estourar".
FHC diz que está acostumado com as críticas de Lula: "Eu
tenho lá em casa um bonequinho do Lula, de pelúcia, que um
artista fez. Cada vez que ele me
bate eu vou lá e passo a mão na
cabeça dele: "Fica calmo, presidente'". "Não sou pessimista.
Tomara que o presidente Lula
aprenda com os erros", disse.
(Colaborou RUBENS VALENTE, da Reportagem Local)
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