São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 - ESTADOS
MARANHÃO

De virada, Jackson Lago supera Roseana

Resultado interrompe a hegemonia da família de José Sarney no Estado, iniciada em 1966, quando ele se elegeu governador

Roseana classificou derrota de "digna" e tentou isolar o pai do resultado, afirmando que ele se reelegeu e elegeu o governador do Amapá

Paulo Soares/Folha Imagem
O governador eleito do Maranhão, Jackson Lago (PDT), vota em São Luís; em votação acirrada, ele derrotou Roseana Sarney

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS (MA)

O pedetista Jackson Lago derrotou Roseana Sarney (PFL) e virou a eleição para o governo do Maranhão. Lago -que obteve no primeiro turno 34,36% dos votos (933 mil)- atingiu no segundo turno 51,82% (1,39 milhão de votos). Roseana -com 47,21% (1,282 milhão de votos) no primeiro turno- teve ontem 48,18% (1,29 milhão).
É a primeira derrota da família Sarney em 40 anos no Estado, numa eleição em que, também pela primeira vez, Roseana teve a oposição do governador, da maioria da Assembléia, dos deputados federais e dos prefeitos. José Sarney já havia tido dificuldades para se reeleger senador pelo Amapá.
"Caíram os dois últimos bastiões do coronelismo politico no Brasil", comemorou Lago, referindo-se à derrota de Roseana e de Paulo Souto, candidato do PFL na Bahia apoiado por Antonio Carlos Magalhães.

"Quem perdeu fui eu"
Roseana tentou isolar o pai da sua derrota. "O presidente Sarney saiu vitorioso porque se reelegeu e elegeu o governador do Amapá. Quem perdeu a eleição fui eu e meu grupo político. Mas foi uma derrota digna. Lutei contra três grupos políticos e tive quase metade dos votos."
José Sarney pegou um jatinho para ir votar em Macapá pela manhã. Voltou à tarde e passou o dia com Roseana na casa da família no bairro Calhau, em São Luís. Segundo assessores, pesquisas internas mostravam uma vantagem de cinco pontos percentuais para Roseana. Ele não havia se manifestado sobre a derrota até o fechamento desta edição.
Jackson Lago disse pretender manter uma "relação excelente" com o presidente Lula, que apoiou Roseana no segundo turno. Lago ficou neutro na disputa entre Lula e Alckmim.
O eleito reconheceu a importância na vitória do governador José Reinaldo Tavares (PSB), que rompeu com Sarney: "Ele desempenhou papel muito importante na história política do Maranhão porque teve a coragem de se afastar do grupo a que pertencia", disse.
Lago afirmou que pretende fazer um "governo plural", com as forças que o apoiaram, e que fará uma auditoria nas dívidas do Estado.
Pouco antes das 20h, Roseana admitiu a derrota. "Agradeço os votos que recebi e desejo boa sorte ao eleito." Disse que continuará a trabalhar pelo Maranhão no Senado e abriu a possibilidade de deixar o PFL. "O partido não esteve comigo."
Roseana governou o Estado por duas vezes consecutivas, de 1995 a 2002. Na campanha, chegou a ter 66% nas pesquisas de intenção de voto, no primeiro turno, mas perdeu força.
Apesar de a vitória de Lago ser uma derrota pessoal do presidente Lula, que se empenhou na candidatura de Roseana em nome do que chamou de "gratidão" à família Sarney, no Estado o petista obteve mais votos do que na média nacional. Lula recebeu 84,6% dos votos contra 15,4% de Geraldo Alckmin (PSDB). O PT local apoiava Lago em vez de Roseana.
Tavares colocou a máquina da administração estadual a serviço dos opositores da família Sarney. Ele apoiou três candidatos no primeiro turno - Jackson Lago (PDT), Anderson Lago (PSDB) e Edson Vidigal (PSB)-, que se aliaram no segundo turno contra Roseana.
Roseana, por sua vez, contou com o apoio da máquina federal. Dos 52 cargos federais no Estado, 49 são ocupados por apadrinhados de Sarney.


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