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POLÍTICA
Ano foi de escândalos e de impunidade
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ano começou na política
com o deputado do castelo e
terminou com os panetones do
mensalão do DEM e suas cenas
grotescas de dinheiro escondido em meias e cuecas. Punição
não houve para ninguém. Todos, por enquanto, estão salvos.
Do começo ao fim, 2009 foi
um ano marcado por escândalos. No Congresso, registrou-se
cerca de uma centena de casos
de impostura ou ilegalidades.
Nenhum partido escapou.
O deputado Edmar Moreira
(PR-MG) puxou a fila. Sua família era proprietária de um
castelo em estilo medieval no
interior de Minas, mas ele foi
acusado de usar ilegalmente
verbas indenizatórias. Pagou
serviços de segurança pessoal
prestados por suas empresas.
Embora tudo tenha sido comprovado, Edmar foi absolvido.
Durante o castelogate, o
deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), relator do caso, vocalizou o
sentimento-síntese no Congresso. Moraes queria absolver
Edmar e disse estar se "lixando" para a opinião pública. Era
um prenúncio do que estava
por vir na política.
Logo em seguida surgiu a farra das passagens aéreas, com
mais da metade dos 513 deputados sendo flagrada usando
suas cotas aéreas para passear.
O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), justificou assim o uso de seus bilhetes para ir para Porto Seguro
(BA) com a mulher, familiares e
amigos: "O crédito era do parlamentar, inexistindo regras claras definindo os limites da
sua utilização".
No Senado, mais de mil atos
secretos foram descobertos
conferindo benefícios e criando cargos. Tornou-se público
que a Casa tinha 181 diretores
-o número depois foi variando
ao longo do tempo, pois nem os
senadores sabiam direito quantos diretores existiam. Havia
até uma diretoria de check-in
-um funcionário que ia ao aeroporto com antecedência para
emitir e retirar os cartões de
embarque de senadores.
Na esteira da falta de regras e
de cerimônia, alguns congressistas começaram a fazer o que
bem entendiam. Pelo menos
três contrataram suas empregadas domésticas como se fossem assessoras parlamentares.
Um pegou o dinheiro dos bilhetes aéreos e alugou jatinhos.
Outro contratou seu piloto particular como funcionário do gabinete. Um senador emprestou
o celular (cuja conta é paga com
o dinheiro público) para a filha
viajar em férias ao México.
Acuado, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
escorou-se no presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para ficar
na cadeira. Nessa operação, o
senador Aloizio Mercadante
(PT-SP) saiu chamuscado.
Contrário a salvar Sarney,
anunciou no microblog Twitter
que iria renunciar em "caráter
irrevogável" ao cargo de líder
do PT. Enquadrado pelo Planalto, revogou sua renúncia.
No final do ano, o foco se desviou do Congresso para o governo local, em Brasília. O
mensalão do DEM não fez vítimas, pois todos ainda permanecem em seus cargos. A única
consequência prática foi o governador José Roberto Arruda
ter sido pressionado a deixar
seu partido, o Democratas.
Sem legenda, Arruda está impedido de disputar a reeleição
em 2010. Agora, Joaquim Roriz
(PSC) lidera todos os cenários
na pesquisa Datafolha -mesmo estando ele próprio citado
no mensalão do DEM. Até porque parte das propinas foram
pagas em 2006 por pessoas então aliadas a Roriz.
Confira no UOL todos os escândalos no Congresso de 2009 em http://bit.ly/Monitor-UOL
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