São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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02.ABR.05
MORTE DO PAPA

Por Luiz Felipe Pondé
Colunista da Folha

João Paulo 2º, papa de 1978 a 2005, foi contra a modernização da Igreja Sim e não.
Não porque ele manteve as preocupações com o mundo moderno (ciência, democracia, geopolítica, novos costumes), sim porque ele preferiu um retorno às práticas espirituais, pastorais e litúrgicas da Igreja Católica, tais como a valorização dos santos, dos milagres, dos sacramentos e dos mistérios da fé, em detrimento das soluções modernas (soluções científicas e políticas).
Após sua morte em 2005, Bento 16 manteve o mesmo movimento, que podemos chamar de reação de Roma.
Mas reação a quê À herança do Concílio Vaticano 2º (1961-65), importante marco para um período da Igreja Católica cujo encerramento se daria com a eleição de João Paulo 2º.
Todavia, não se trata de dizer que esses papas tenham negado o Vaticano 2º (o que seria um absurdo dentro da sistemática conciliar católica), mas sim que eles operaram uma correção de percurso desta herança.
O Vaticano 2º significou uma abertura da Igreja ao que seria um mal estar entre esta e a ciência, a modernização dos costumes e as injustiças sociais, assim como também uma tentativa de democratização da Igreja, isto é, uma ampliação da participação do laicato no seu cotidiano.
São basicamente dois os focos da reação romana:
1. A relação entre teologia católica e a politização desta, principalmente no Terceiro Mundo, por movimentos de matriz marxista.
2. As pressões por mudanças nas práticas institucionais da Igreja e suas relações com aspectos da doutrina católica tais como exegese bíblica liberal, fim do celibato, aborto, métodos de contracepção, ordenação de mulheres entre outros temas.
Testemunha da perseguição à Igreja sob o regime comunista, João Paulo 2º recusou o marxismo como parceiro.
O papa polonês teve sua figura associada à ruína do mundo soviético. Outro traço de seu papado foi a centralização (romanização) da vida institucional e espiritual da instituição católica.

EU ESTAVA LÁ
Por Igor Gielow
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília

"Entre os vários clichês do jornalismo, há o tal prazer de ser testemunha da história de seu tempo -como se todos não fossem, em especial nessa era de conectividade.
Isso dito, a explosão de palmas na praça de São Pedro às 18h03 daquele nublado 19 de abril de 2005 é um tentador catalisador de clichês. Foi a hora em que os sinos confirmaram: a fumacinha cinza era branca, e 'habemus papam'.
Depois da cobertura da morte do popular João Paulo 2º, foram dias de espera durante o conclave. A frustração estava encerrada, o clímax atingido, e mesmo o desalento de parte do público pela escolha de Ratzinger não empanou a satisfação de, perdoem-me enfim, ser um dos narradores daquele momento."



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