São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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PÓS E CURRÍCULO

Ex-aluno deve mostrar ganho de experiência

Valor dado ao curso dependerá dos benefícios agregados ao trabalho

Marcelo Justo/Folha Imagem
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Formado em administração com ênfase em comércio exterior, Arthur Souza, 27, fez especialização em negócios internacionais. "Ter mestrado ou doutorado não ajuda, pois não há programas voltados para minha área", conta.
Para ele, as aulas ajudaram a criar uma rede de contatos com gerentes e supervisores que atuam em seu segmento.

MARCELO JUCÁ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Dedicar-se a um curso de pós também pode render bons frutos para o currículo. Para os selecionadores das empresas, isso demonstra interesse em se especializar e se cacifar para atuar em áreas diferentes.
Mas, para passar essa impressão, é preciso saber que benefícios ele trará ao trabalho. O valor da titulação dependerá da experiência posta em prática, diz Marie Françoise Winandy, psicóloga especialista em RH da consultoria Acalântis.
"O importante é se dedicar ao foco da empresa. Se isso exigir uma pós, ótimo. Caso não, é puro diletantismo", opina o especialista em RH Jair Moggi.
Segundo especialistas, um curso lato sensu (especialização) casa melhor com necessidades do mercado do que um programa de mestrado ou doutorado. "A especialização toca em assuntos mais próximos do dia a dia do profissional", comenta a analista de RH Juliana Arantes, da consultoria RH Internacional.
O misto de exigência profissional e ansiedade que leva pessoas cada vez mais jovens a obterem títulos nos níveis de mestrado e doutorado pode atrapalhar suas expectativas. Winandy ressalta que a pós não deve ser instrumento para pedir salários fora do padrão, e sim parte do plano de carreira.
"Títulos não assustam as empresas, mas o contexto deve ser avaliado. Mesmo com boa formação, a bagagem cultural de uma pessoa mais nova é posta à prova, e ela nem sempre corresponde", analisa.

Para mudar de área
A pós também é uma boa aliada de quem pretende se especializar em uma área diferente da qual se graduou. Para Winandy, as consultorias veem a iniciativa com bons olhos. "A união de duas áreas mostra que o candidato foi buscar novas informações, melhorar seu conhecimento", avalia.
Para Arantes, porém, nem sempre isso ajuda a mudar radicalmente. "É difícil ver um publicitário que fez mestrado em psicologia e decidiu atuar no segmento. Mestrado e doutorado dão informações muito técnicas. Faltará ao profissional experiência inicial." Nesse caso, Moggi recomenda cursar outra graduação.
"Dessa forma, haverá o peso de duas graduações no currículo. É mais interessante, ao contrário de um mestrado em outra área, que não oferece a mesma base de ensino da graduação." A jornalista Thaís Heinisch começou a se interessar por cinema ao final da graduação e resolveu fazer um curso técnico de edição de vídeo.
"A partir dele, senti necessidade de conhecer o cinema em um âmbito mais teórico", lembra. "Fiz diversos cursos e busquei um aprofundamento teórico sobre audiovisual. O próximo passo é fazer mestrado."


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