São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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DOUTORADO

Migração para as empresas ainda é incipiente

93% dos doutores se dedicam à vida acadêmica

Letícia Moreira/Folha Imagem
TESE PRÁTICA
Trabalho e doutorado se aliaram na carreira da economista Cláudia Viegas. Quando começou a cursá-lo, tinha horários flexíveis na empresa para ir às aulas. Dois anos depois, quando preparava sua tese, foi convidada para ser secretária-adjunta da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Aceitou. "Como o tema da tese era relacionado às minhas atividades, uma ocupação ajudou a outra. Se fossem diferentes, seria complicado conciliar".

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Concluir o doutorado sinaliza compromisso com a vida acadêmica. Dos 69 mil doutores do país em 2008, 64 mil estavam em instituições de ensino superior e 2.400 atuavam em empresas, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Na carreira acadêmica, o profissional dá aulas na graduação e integra projetos de pesquisa (que deve ser publicada em veículos científicos). Escrever livros e criar patentes são meios de crescer na carreira.
Dedicar-se à pesquisa, no entanto, também pode ser um trunfo fora da universidade, em setores que valorizam conhecimentos específicos, como o farmacêutico, o de engenharia, o de energia, o de biotecnologia e o de economia.
Neles, a especialização é considerada importante para ascender na carreira. As oportunidades, no entanto, restringem-se a nichos. Para muitos, o mercado ainda não está preparado para receber doutores.
"Boa parte das empresas não paga adequadamente pelos anos de estudo, principalmente fora do eixo Rio-São Paulo", opina Henrique Freitas, professor da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Para apoiar o fluxo de mestres e doutores nas empresas, o Ministério da Ciência e Tecnologia e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) lançaram o edital Rhae - Pesquisador na Empresa, que aplicará R$ 30 milhões em projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação desenvolvidos nas companhias.

Migração
Há dois anos, Armando Villares Ferrer, 40, resolveu fazer essa migração. Após uma década de vida acadêmica -incluindo doutorado e pós-doutorado na Unicamp e aulas na Universidade Federal da Paraíba e na Universidade Federal Fluminense-, recebeu proposta para ocupar um posto de gerência na espanhola Indra.
A motivação foi a remuneração, superior à de professor. "A carga de trabalho é mais intensa e sou cobrado por resultados imediatos, mas os desafios são recompensadores, e o retorno das pesquisas, mais rápido." (JV)



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