São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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PÓS-DOUTORADO

Agências oferecem mais bolsas como incentivo

Na Capes, número de bolsas concedidas cresce 451% em 5 anos

Rodrigo Capote/Folha Imagem
CURTO E INTENSO
Pouco antes de terminar o pós-doutorado no Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais), Cláudia Linhares, 40, já tinha vaga no segundo pós-doutorado, na Embrapa. "O que me motivou foi o perfil de empresa", diz Linhares, que atua com sensoriamento remoto e já conhecia o trabalho na Embrapa. "O pós-doutorado é interessante porque é bem prático e pede respostas imediatas a problemas. É um trabalho curto e intenso."

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Devido ao número reduzido de pós-doutores nas universidades, agências de fomento se esforçam para aumentar a quantidade de participantes de programas no estágio mais alto da formação acadêmica.
Em cinco anos, bolsas desse nível concedidas pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) cresceram 45,6%: de 965 em 2005 para 1.405 em novembro de 2009. Na Capes, o aumento foi de 451% -de 479 bolsas em 2005 para 2.161 em novembro de 2009.
Ainda assim, o número de pós-doutores em boas universidades de pesquisa em São Paulo é quatro vezes menor do que em outros países, afirma o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique de Brito Cruz.
O pós-doutorado não visa à obtenção de um título. É como um treinamento para doutores consolidarem e atualizarem seu conhecimento. Para agências de fomento, é um meio de aumentar o número de cientistas e o desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação.
Para que o recém-doutor mantenha-se atuante em seu campo, há programas específicos para quem completou o doutorado há até cinco anos.
Àqueles que pretendem continuar trabalhando na área de pesquisa, Cruz alerta: "o pós-doutorado é uma experiência profissional considerada essencial para a admissão de pesquisadores nas melhores universidades do mundo".

Na prática
Mas não é só nas universidades que se faz o estágio. O programa nacional de pós-doutorado prevê fomento à pesquisa também em centros ou institutos de pesquisa e em empresas de base tecnológica.
Por meio desse tipo de programa, empresas como Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Cientistas Associados e Roche oferecem vagas para trabalhar em pesquisas que desenvolvem.
A Cientistas Associados, em São Carlos (SP), tem um pós-doutorando com bolsa pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). "Já tivemos dois bolsistas que ficaram por seis meses para realizar o trabalho", explica Antonio Valerio Netto, diretor de tecnologia.
A bolsa é oferecida ao projeto, e a escolha do bolsista é feita pela empresa ou pelo instituto de pesquisa. André Furtado, pesquisador da Embrapa e responsável por uma bolsa de pós-doutoramento, explica que se espera do bolsista a mesma responsabilidade de um pesquisador contratado.
"O pós-doutorando tem que mostrar empenho, desenvoltura e experiência de liderança, além de procurar contatos e buscar parcerias no exterior."
A bolsa pode durar no mínimo seis meses e chegar a 48 meses, quando a pesquisa é vinculada a um projeto já financiado por agência de fomento. Seu valor é de R$ 3.300 na Capes e de R$ 4.508 na Fapesp. (CC)



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