São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Universidades voltam programas para o exterior

Pesquisas sobre plantas, vacinas e biotecnologia estão em evidência

Rodrigo Capote/Folha Imagem
AQUI E LÁ
Roberto Camargo, 28, é aluno de doutorado de um programa internacional em biologia celular e molecular vegetal que envolve a USP e duas universidades dos EUA (Rutgers e Ohio State). Ele estuda a transformação genética da cana-de-açúcar para desenvolver plantas que acumulem mais sacarose. "Creio que ao final estarei qualificado para assumir cargos importantes, principalmente em empresas que investem em biotecnologia, além de preparado para me tornar professor e pesquisador."

INGRID CALDERONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A internacionalização dos programas está na mira de quem se especializa em ciências biológicas, afirma Márcio de Castro, 49, coordenador de ciências biológicas 1 na Capes. "Parcerias que universidades públicas brasileiras estão fazendo com universidades estrangeiras possibilitam ao estudante ter dupla titulação", diz.
O principal objetivo desses convênios internacionais é fomentar projetos de pesquisa em conjunto entre grupos brasileiros e do exterior.
Para quem mira empresas daqui, há procura por profissionais em áreas de pesquisa direcionadas a melhoramento de plantas, produção de vacinas e produtos biotecnológicos. Empresas públicas -como Petrobras, Ibama e Embrapa- são as que mais os aproveitam.
Doutores também são procurados pela iniciativa privada especializada em biotecnologia, como Monsanto, Dupont, Bayer, Basf e Dow. "A demanda é tão grande que os alunos mal terminam a pesquisa e já estão trabalhando", afirma Castro. "Em 2007, tínhamos 90 programas; hoje, contamos com 112", completa.
Um dos que saíram da academia para a empresa foi Celso Spada Fiori, 26. Ele cursou doutorado em bioquímica e genética molecular de plantas na USP e foi contratado pela Dow AgroSciences antes mesmo de concluir a pós-graduação.
"Na iniciativa privada, pude me envolver em diversos tipos de atividade, desde participação em processos de registro de produtos até trabalhos de pesquisa", conta Fiori.

Nordeste em destaque
Nos últimos anos, o Nordeste se destaca na oferta de programas de pós-graduação na grande área de ciências biológicas. Segundo a Capes, lá eles cresceram 90% nos últimos dois anos.
Isso se deve, em grande parte, à criação da Renorbio (Rede Nordeste de Biotecnologia) em 2006. Ela reúne docentes e infraestrutura de 29 universidades e institutos de pesquisa nos nove estados nordestinos, além de instituições de ensino do Espírito Santo e organizações como Embrapa e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Antes da criação do programa de pós em biotecnologia da Renorbio, a região tinha apenas um programa de mestrado e um de doutorado na Universidade Federal de Alagoas, voltados para as áreas de química e bioprodutos. Hoje são nove de doutorado e dois de mestrado.
Desde 2006, 361 alunos de pós ingressaram na Renorbio. Eles se dividem em quatro áreas de atuação em biotecnologia: agropecuária, saúde, recursos naturais e industrial. Além disso, há 531 projetos de docentes da Renorbio em desenvolvimento.
"Esses dados são representativos para o crescimento da região", diz Paula Lenz Costa Lima, secretária-executiva de pós-graduação da Renorbio.


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