São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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CIÊNCIAS HUMANAS

São Paulo ganha menos bolsas do que média do país

Grande número de programas com a menor nota influencia concessão

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
SEM RESERVA
Bárbara Silva, 27, está no segundo ano do doutorado da Unicamp e ainda não conseguiu bolsa. "Só houve duas, para 16 pessoas", diz. O programa tem nota cinco na Capes e recebe poucas bolsas.
Enquanto espera o resultado do pedido de auxílio à Fapesp, procura emprego como professora. "Para o primeiro ano, tinha dinheiro guardado. Agora espero conseguir aulas em quantidade não muito grande, para não atrapalhar minha pesquisa."

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A área com o maior número de alunos de pós no país -eram 25.512 em 2008- também é a que mais recebe bolsas de estudo da Capes (6.128).
O Sudeste, porém, foge à regra. Em 2008, foram concedidas 3.167 bolsas em humanas na região, que tem 13.882 estudantes. Assim, 22,8% dos pós-graduandos ganharam bolsa -a média nacional é de 29%. No Estado de São Paulo, esse índice cai para 19,9%.
Uma explicação para isso é o grande número de programas com conceito 3 (o menor para cursos aprovados): 41,1%.
Como a oferta de bolsa pela Capes é relacionada à nota dada ao programa, sua redução aumenta a concorrência nos que têm as melhores (6 e 7). Nessas ilhas, a maior parte dos alunos dispõe de bolsa.
Na hora de escolher o curso, é importante considerar se a linha de pesquisa do programa é adequada ao objeto de estudo. Isso será levado em conta ao pedir fomento a fundações de amparo estaduais.
Esse foi o problema enfrentado pela mestranda em ciência política Rita Marinello, 24. Matriculada em um programa recente, a socióloga pediu incentivo para seu projeto, mas ele foi reprovado por não ter a mesma linha de pesquisa de seu orientador.
"O tema é novo e não levam em conta a originalidade do projeto. No doutorado, penso em seguir a linha do orientador e só fazer se tiver bolsa." Na área de humanas, mestrados e doutorados sempre tiveram forte viés acadêmico, mas os coordenadores de área indicam crescente importância de estudos vinculados a problemas da sociedade, e não só em áreas teóricas consolidadas.

Psicologia e sociologia
O coordenador de psicologia na Capes, Emanuel Tourinho, prevê aumento de estudos sobre adicção, envelhecimento da população, políticas de inclusão social e impactos das inovações tecnológicas em educação, trabalho e relações sociais.
Sergio Adorno, coordenador da área de sociologia, destaca o aumento da interdisciplinaridade em setores tradicionais.
"Há uma área nova que atua com o ambiente e a sociologia da ciência. Com discussões sobre genoma e intervenção ambiental, precisamos entender as influências sociais disso."
Esses palpites apontam para a aproximação da pesquisa de problemas tratados por instituições públicas e privadas, o que pode ampliar o campo de atuação dos titulados. (CC)



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