São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

Profissional hesita entre estudo e emprego

Salário e tema da pós são decisivos para escolha de voltar a estudar

Marcelo Justo/Folha Imagem
JORNADA TRIPLA
Conciliar emprego e pós-graduação não é o único desafio de Renan Quinalha, 24. Envolvido em pesquisa sobre sociologia e direito, o advogado partiu para a segunda graduação, em ciências sociais e começou a fazer mestrado. Consultor em um escritório de advocacia, ele afirma que tem flexibilidade de horários para encarar sua tripla jornada. Para levar tanto a profissão como a vida de estudante, ele dá a dica: "É fundamental ter capacidade de organização para ter relação produtiva entre as atividades".

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Reunindo campos bem ligados ao mercado, como administração, comunicação e economia, a área de ciências sociais aplicadas tem forte tendência a receber alunos com alguma experiência profissional.
Como muitos costumam estar empregados, a frequência de concessão de bolsas de estudo pela Capes é menor do que em outros setores.
Em 2008, 17,6% dos pós-graduandos matriculados em programas de ciências sociais aplicadas recebiam essa bolsa. É menos do que os 24% de estudantes de humanas e os 35,7% de ciências biológicas e ciências da saúde, que têm o maior número de alunos com bolsa.
"Há uma forte concorrência e muita atratividade financeira de outras áreas em relação à academia", afirma Francisco de Sousa Ramos, coordenador da área de economia na Capes.
A oferta de melhores salários no mercado foi o que levou Lucimeire Caselato, 33, a manter-se trabalhando durante seu mestrado em administração.
Com uma carreira em finanças, ela resolveu se especializar na área para ter melhores oportunidades. "Nunca cogitei a bolsa porque o valor é muito baixo", conta. Durante o mestrado, Caselato mudou duas vezes de emprego por opção.
Além disso, por serem áreas bastante relacionadas ao cotidiano profissional, alguns sentem necessidade de se manterem atualizados em relação ao mercado, pondera Gilberto Bercovici, coordenador da área de direito na Capes.
O arquiteto e mestrando Daniel Corsi, 29, concorda com ele. "Todas as teorias que estudo são traduzidas diretamente no meu trabalho no escritório."

Mestrado prático
O temor de perder o contato com o mercado e desperdiçar chances profissionais é outro fator que afasta da academia quem já está trabalhando.
Por sua vez, as empresas nem sempre valorizam a titulação acadêmica na hora de liberar o funcionário para o estudo -ainda que por vezes exijam algum grau de especialização dos profissionais. Se esse pode ser um grande filão para novos mestrados profissionais, áreas como direito e ciências sociais aplicadas 1-comunicação e ciências da informação- ainda são reticentes em relação à abertura desse tipo de programa.
"O mestrado profissional para algumas áreas já está contemplado no acadêmico. Além disso, cursos mais tradicionais torcem o nariz para essa relação com as empresas", explica Marcius Freire, coordenador da área de ciências sociais aplicadas 1 na Capes.
Por outro lado, administração e economia concentram mais de 80% dos programas de mestrado profissional na grande área -existem 30 na primeira e 13 na segunda.
Oito deles têm conceito cinco na avaliação da Capes -ele representa nível de excelência nacional. (CC)



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