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VENDAS
Em tempos difíceis, gestor deve buscar novos mercados e tirar proveito do ambiente turbulento
para vencer jogo da concorrência
Ousadia torna favorável vento de tempestade
FREE-LANCE PARA A FOLHA
"A crise não é mais a exceção, é
a regra, principalmente em virtude da concorrência acirrada." O
diagnóstico é do diretor comercial da HSM (empresa de educação executiva), Sandro Magaldi,
especialista em gestão de vendas.
Como fazer, então, para manter
os clientes e conquistar novos
mercados nesses tempos bicudos?
"É fundamental que a empresa
analise a capacidade adaptativa
da equipe e do sistema de gestão
de vendas", responde Magaldi.
O grande risco, diz ele, é procurar os "culpados" ou a solução
apenas dentro das organizações
(promovendo cortes). "Quando o
mercado se reaquece, a empresa
não pode reagir rapidamente."
O próximo passo é analisar a
vocação da companhia: "Onde eu
faço a diferença?". Dependendo
da resposta, vale a pena investir
na segmentação. "Não adianta ter
clientes desqualificados. Às vezes
faz mais sentido você concentrar
o esforço de vendas numa base
menor, porém qualificada, de
clientes." Depois, é hora de investigar as necessidades dos clientes.
Não há receita pronta para todos, pois cada mercado tem suas
características. "Para alguns tipos
de produto, uma das saídas é a exportação", afirma Heitor Penteado, coordenador de empreendedorismo e inovação da escola
BSP. Foi assim que a indústria automobilística, por exemplo, conseguiu se aquecer no último ano.
Mas para os pequenos não é fácil
exportar. "No caso deles, talvez a
solução seja desenvolver um produto mais competitivo", diz.
Oportunidades
As fórmulas para passar por fases difíceis são inúmeras, mas em
uma coisa acadêmicos e especialistas são unânimes: deve-se aproveitar para cavar vantagens.
"Toda crise gera oportunidades", afirma Laércio Cosentino,
44, presidente da Microsiga. E ele
tem motivos para acreditar nisso.
As vendas da empresa deram um
salto de 350% de 2002 para 2004,
em meio à crise de confiança no
Brasil por parte do mercado financeiro, que acabou se traduzindo em turbulência cambial.
"Nesse período, em vez de nos
retrair, como muitos fizeram, trabalhamos para expandir nossa
atuação na América Latina. Foi
uma decisão acertada. Quando a
economia retorna ao normal e você está presente, sai ganhando."
Foi a mesma atitude da fabricante de móveis Ornare. "Praticamente dobramos o volume de negócios [de 2002 para cá]. Se você
tem o produto certo e conhece
seus clientes, não pode ter medo
de investir na crise", diz Esther
Schaltan, diretora financeira.
E qual o segredo para conquistar novos mercados em tempos
nebulosos? Não é, necessariamente, baixar preços, como muitos podem imaginar. A ordem é se
diferenciar, criando novos instrumentos para satisfazer os clientes,
segundo Rodrigo Rivera, professor de novos negócios da BBS.
Valor agregado
Essa é também a opinião de Ian
Brooks, autor de nove livros sobre
o tema na Nova Zelândia. Para
Brooks, PhD em psicologia e consultor de várias empresas, a organização deve "oferecer mais valor
agregado aos clientes".
Esse valor é definido pelo custo-benefício: "O grande valor que as
pessoas pagam não é o preço, mas
o tempo, o esforço e os custos
emocionais (raiva quando algo dá
errado, preocupação sobre se o
produto vai funcionar)". Benefícios, define ele, são as soluções.
"Para manter os clientes, a empresa deve entender seus problemas e, então, oferecer soluções."
Segundo Brooks, o preço nunca
é o detalhe mais importante do
produto. Para ele, as pessoas pagam mais por conveniência, velocidade, qualidade ou para comprar de uma empresa conhecida.
"Elas querem o que o produto ou
serviço pode fazer por elas. Querem o valor que podem "extrair"
de suas compras", conclui.
(RGV)
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