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DIVERSIFICAÇÃO
Diversificar ou concentrar linha de produtos e serviços da marca envolve um risco substancial de
descaracterização da empresa
Mudança no portfólio deve visar o pós-crise
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Na hora da crise, os especialistas recomendam aos executivos
uma pausa para pensar. Uma das
dúvidas que podem surgir no
"brainstorm": é hora de diversificar o negócio ou o melhor é se
concentrar no "core business"?
"Depende do tipo de crise", responde Claudinei dos Santos, diretor acadêmico da área de projetos
da ESPM Business School e sócio-diretor da Delft Consultores. Segundo ele, as duas opções podem
ser benéficas. Em uma crise setorial, por exemplo, a diversificação
pode ser a única saída. Mas se o
seu mercado é grande o suficiente, "concentre-se", aconselha.
O mais arriscado, na opinião de
Santos, é escolher a diversificação.
"O problema, nesse caso, é que o
negócio tem de ter uma sinergia
com o novo ramo em que vai
atuar", afirma. Além disso, essa
escolha implica se expor a tecnologias ou mercados pouco conhecidos. Outro risco inerente à busca de novos mercados é a perda de
identidade da empresa. Para evitar que isso aconteça, segundo
Santos, é preciso ter sensibilidade
e conhecimento do negócio.
Os dois lados da moeda
Em quase 40 anos de trajetória
no Brasil, a ADP já experimentou
as duas situações. Multinacional
da área de tecnologia da informação no processamento da folha de
pagamento dos clientes, no final
da década de 80 a empresa se viu
envolvida por uma crise que
mantinha a inflação nas alturas.
Nessa mesma época, a participação societária se modificou, e a
estratégia escolhida para ultrapassar a tormenta foi a diversificação "radical". A organização
abriu, então, unidades de TV a cabo, processamento de cartão de
crédito e contabilidade.
O artifício sobreviveu até 1997,
quando uma nova mudança societária causou uma guinada. A
ordem, agora, era concentrar as
forças no negócio principal.
"Essa especialização nos levou a
ter serviços para qualquer tipo de
empresa", afirma Luiz Henrique
de Oliveira, vice-presidente de
vendas e marketing da empresa.
A nova orientação de concentrar
o foco tinha como meta o crescimento da firma. E deu certo: no
segmento de processamento de
RH, a empresa saltou de 1.000 para 1.500 clientes entre 1997 e 2004,
um incremento de 50%.
"A virtude de ter foco único é
conseguir ter escala e oferecer serviços mais baratos", diz Oliveira.
"Focados, tomamos decisões dirigidas para um único objetivo."
A Celma, braço da GE no segmento de reparo e manutenção
de turbinas aeronáuticas, também optou pela focalização em
um objetivo único para superar o
mau bocado que as empresas ligadas à área da aviação enfrentaram
depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, nos EUA.
Na época, a empresa trabalhava
com 11 tipos de turbina, inclusive
de outras marcas. Resolveu concentrar-se em duas, da GE. "Escolhemos trabalhar com motores
mais modernos e longevos, para
aviões maiores, de manutenção
mais cara", conta Marcelo Soares,
diretor-presidente da Celma.
Dessa maneira, apesar de diminuir o número de produtos, o faturamento, que havia caído de
US$ 380 milhões em 2001 para
US$ 150 milhões em 2003, voltou
a crescer em 2004 (US$ 260 milhões). Segundo projeções, com a
especialização, a empresa deverá
igualar o faturamento de 2001 entre os anos de 2005 e 2006.
"Dependendo do tipo de negócio, a firma pode optar por diversificar. Mas o que se tem percebido na literatura sobre o tema é
que a maioria se concentra durante os períodos de crise em torno
de um ou dois "cores" muito bem
definidos", constata a professora
da FGV e da USP Amalia Sina. O
ideal, diz, é a empresa buscar a expansão de seus negócios de forma
planejada.
(RGV)
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