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Alvo de racismo, Paulinho rebate cartola da Fifa

DE SÃO PAULO

Quando entrava em campo pelo polonês LKS Lodz, o volante Paulinho ouvia das arquibancadas os gritos de macaco e via os torcedores balançando moedas. Os alvos eram ele, mulato, e outros brasileiros de pele escura.

Em outro time, um amigo, também jogador, brasileiro e negro, via os poloneses evitarem cumprimentá-lo.

É por isso que o jogador corintiano discorda da declaração do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de que não há racismo no futebol e ofensas assim são resolvidas com um aperto de mão. Depois, o cartola pediu desculpas.

"Não é assim. Passei e vi isso", observa o jogador. "Sofri devido o preconceito."

O racismo na Polônia não era fato isolado no Leste Europeu. Na Lituânia, onde jogou por um ano, enfrentou problemas até na rua. Nem federações nem mídia demonstravam preocupação.

Dois anos sofrendo esse tipo de ofensa foram o bastante para Paulinho decidir voltar ao Brasil, em 2008.

"Esse foi um dos motivos. Ganhava lá o que não ganharia aqui. Mas minha mulher estava grávida. E eu não estava feliz", conta ele, que tinha menos de 20 anos então.

De volta ao Brasil em 2008, Paulinho enfrentou dificuldades de nova natureza. Retornava a seu time de estreia profissional, o Pão de Açúcar, que disputaria a Série B1 do Paulista, correspondente à quarta divisão do Estado.

Com 20 anos, encarava viagens de oito horas de ônibus e campos com terra.

"Pensei duas vezes em parar de jogar. Minha mulher conversou comigo, e decidi permanecer", relata.

Persistiu e foi emprestado em 2009 ao Bragantino, na Série B do Brasileiro e na primeira divisão do Paulista.

Foi lá que a diretoria corintiana o viu e o contratou em 2010. Mas Paulinho ainda teve de esperar até este ano para se consagrar como titular.

Tornou-se o jogador mais acionado do Corinthians no Nacional. Dá 33,9 passes por partida e é o que menos erra. Não sofreu contusões, jogou 33 vezes e fez oito gols.

"Tem jogo que chego esgotado no final. Naquele contra o Atlético-MG, foi o que mais corri na minha vida."

Mas, agora, Paulinho, 23, enfim está feliz. "Só penso: Corinthians, Corinthians, Corinthians". (MF RM)

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