Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Aflição

Campeões por poucos minutos, corintianos evitam festa antecipada e sofrem com gol vascaíno no final

DOS ENVIADOS A FLORIANÓPOLIS

"Não aguento mais, é sofrimento demais para mim." A frase foi do goleiro corintiano Júlio César, ao desistir de assistir ao final do jogo entre Fluminense e Vasco, que então já marcara o segundo gol.

Até ali, ele via o clássico carioca em um pequeno monitor de TV, no túnel de acesso ao gramado do estádio Orlando Scarpelli. Ao seu lado, estavam o zagueiro Chicão e o meia Alex, que ficaram assistindo à partida naquele local.

Outro que não acompanhou o final do confronto no Rio foi o técnico Tite.

Assim que o jogo corintiano acabou, o treinador se dirigiu com pressa para o vestiário da equipe. Evitou abraços eufóricos de membros da comissão técnica e de jogadores no seu caminho.

Explicou que queria viver aquele momento de final da partida rival sozinho.

Repetia uma procedimento que fez em 1986, quando era jogador do Guarani. Substituído na final contra o São Paulo, ele assistiu às cobranças de pênaltis ao lado de um então diretor da equipe campineira no túnel do vestiário. E lamentou ver seu time perder o título na disputa.

Dessa vez, Tite esperava repetir o procedimento, mas com um resultado diferente.

Mas, enquanto estava concentrado, ouviu um funcionário corintiano resmungar na sua frente. "Falei 'O que foi?', 'Eles fizeram o segundo gol', ele me respondeu", contou mais tarde o treinador.

Depois, Tite explicou o seu sentimento naquele momento em que o Vasco fez o segundo gol. "Me deram uma bala juquinha, mas depois me puxaram o tapete."

Agora, o técnico pretende controlar a ansiedade de seus jogadores na semana da partida decisiva contra o Palmeiras como tem feito desde que está na liderança.

"Tem que merecer, tem que ser melhor. Merecer pelo próprio trabalho", explicou.

Outro trabalho do treinador é administrar o grupo de jogadores, já que atletas que foram decisivos em partidas recentes, como Luis Ramírez e Adriano, sequer entraram no confronto de ontem.

"Eu tenho me batido em uma coisa. Tem que ter um grupo todo mobilizado. O técnico respeita o atleta, todos são respeitados."

Além de controlar a ansiedade e a disputa por posições, será preciso que Tite trabalhe também a cabeça dos jogadores para lidar com a frustração de não ter ganho o título antecipadamente.

Logo depois que surgiu a notícia do segundo gol vascaíno, que evitava que a taça fosse para o Parque São Jorge uma rodada antes do final do Brasileiro, os corintianos deixaram o estádio catarinense de cabeças baixas.

"Haja coração no domingo", resumiu Willian, o único que deu entrevistas.

No vestiário, para onde se dirigia, já estavam preparadas as camisas para a comemoração do título brasileiro, levadas pelo departamento de marketing do clube. Agora, as camisas foram guardadas até o próximo domingo. (MARTÍN FERNANDEZ, RODRIGO MATTOS E RICARDO NOGUEIRA)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.