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Los Gringos

JUAN PABLO VARSKY

O belo gol do Boca

No futebol e na política argentina, é a mesma coisa: o partido/equipe dominante não tem oposição

O PRIMEIRO gol do Boca Juniors contra o Godoy Cruz é o perfeito retrato do time que está para se tornar campeão argentino de futebol. Começa por uma bola recuperada pelo lateral esquerdo Clemente Rodríguez. Depois de receber o recuo, o zagueiro Juan Manuel Inssaurralde opta por um lançamento longo para o atacante Dario Cvitanich. Apesar da marcação cerrada de um adversário e de estar de costas para o gol, Cvitanich mata a bola e faz o passe para Walter Erviti, que a recebe sozinho e mapeia mentalmente toda a jogada.

O meia-esquerda também faz o que a jogada dita: um passe simples, de primeira, para Cristian Chávez, posicionado no círculo central e com tempo e espaço para conduzir o contra-ataque. O meia de ligação conduz a bola a meia velocidade e faz um lançamento preciso para o volante Rivero, que avança desmarcado para oferecer uma opção de jogada pela direita.

Este também faz o que o lance requer, centrando uma bola rasante, de primeira, com força, para que o atacante que penetra pelo lado oposto aproveite a velocidade do passe e tenha só que desviar a bola para o gol. E Cvitanich ressurge em tempo de abrir o marcador, após correr por 75 metros sem a bola. Golaço. Um a zero aos nove minutos.

O Boca tem funcionamento, ordem, intensidade defensiva a serviço da bola, dedicação coletiva, solidariedade. Potencializou suas individualidades. Seus jogadores sempre fazem o que a jogada requer. A equipe encontra maneiras diferentes de vencer suas partidas.

O treinador Julio Falcioni deve estar satisfeito com seu trabalho. Conseguiu superar uma série de lesões, como as que, por exemplo, tiraram do time o meia Riquelme e o goleador Viatri. Entre o torneio passado e este, o time está há 26 rodadas sem derrota e certamente garantirá o título do Apertura no domingo. Sofreu apenas quatro gols em 16 partidas e tem nove pontos de vantagem sobre o segundo colocado, a três rodadas do final. O título está garantido.

No futebol argentino da primeira divisão, acontece a mesma coisa que na política do país. O partido/equipe dominante não tem oposição. Ninguém apresentou plano alternativo que lhe permita firmar posição como rival. Mas as deficiências dos rivais não são culpa do Boca. Fez uma campanha digna de um campeão e dará a volta olímpica.

Os motivos estão expostos nesse belo gol diante do Godoy Cruz.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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