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União de torcidas preocupa polícia

SÉRIE A
Facções de Vasco e Palmeiras, aliadas há 30 anos, são monitoradas para clássico com o Corinthians

ADRIANO WILKSON
LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

Vasco e Palmeiras terão o mesmo objetivo em campo amanhã: tirar o título nacional das mãos do Corinthians.

Os palmeirenses, por pura rivalidade. Os vascaínos, porque, se ganharem no Rio e o Corinthians perder no Pacaembu, serão campeões.

Não será a primeira missão em comum entre as duas torcidas. A amizade entre as principais organizadas de Vasco e Palmeiras -Força Jovem e Mancha Alviverde- é um dos mais longevos casos de aliança do tipo entre facções de Estados diferentes.

Mas, por conta disso, vascaínos e corintianos criaram, por outro lado, uma rivalidade sangrenta, que já resultou até em morte há dois anos.

Antes de um jogo entre os dois times em São Paulo, grupos das duas torcidas se encontraram, e um corintiano foi morto. Neste ano, no segundo turno do Brasileiro, as equipes se enfrentaram no Rio e houve nova confusão.

A Gaviões da Fiel, maior organizada corintiana, afirmou que seus ônibus foram atingidos por pedras e tiros vindos de vascaínos no caminho para entrar em São Januário.

Por conta da rivalidade, a polícia proibiu torcedores do Vasco uniformizados amanhã no Pacaembu. Durante a semana, um deles foi visto na fila da venda de ingressos destinados a palmeirenses.

A rivalidade criou pelo menos uma situação curiosa, e preocupante: a Gaviões proibiu que mulheres e crianças viajem em seus comboios para jogos em São Januário.

O objetivo é preservá-las da violência e ter força máxima em eventuais confrontos.

A delegada Margarette Barreto, do Decradi, órgão especializado em crimes de intolerância, lembra de quando fez o flagrante do assassinato do torcedor corintiano na briga das torcidas em 2009.

"Nós monitoramos as alianças e já sabíamos dessa rivalidade entre Vasco e Corinthians. Mas não pudemos evitar que se encontrassem."

A geopolítica das torcidas organizadas é um fenômeno que preocupa o Ministério Público de São Paulo. "É curioso que também estejam tendo brigas entre facções de uma mesma torcida", diz o promotor Thales de Oliveira.

Apesar de estudar as alianças e conhecer a ação dos torcedores, as autoridades não conseguem controlar totalmente as brigas de torcidas.

A grande dificuldade é o alargamento das áreas de confronto, não restritas mais ao entorno dos estádios.

"A violência não acontece só em dia de jogo", diz a delegada Margarette. "Tem dia sem jogo em que eles conseguem brigar, arrumam um lugar na cidade e combinam."

"A polícia não tem como acompanhar todas as torcidas em todos os pontos", concorda o promotor Oliveira.

A organizada do Palmeiras diz que a aliança com os vascaínos não mudará sua ação amanhã no Pacaembu. "Cada um torce para o seu time", diz André Guerra, da Mancha.

"Amizade surgiu na década de 1980. Quando vamos ao Rio, nos recebem bem", afirma o torcedor. "Mas cada um torce por seu time. Vamos tirar barato do Corinthians."

A Gaviões não quis se pronunciar sobre o assunto. A Força Jovem não atendeu às ligações da reportagem.

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