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Lesões vão aumentar, dizem times

FUTEBOL
Médicos avaliam que novo calendário da CBF prejudicará atletas

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

"Será fácil ver o reflexo dessa mudança. Teremos um prejuízo para a qualidade do futebol e uma ameaça à integridade física dos atletas."

A análise feita pelo fisiologista Turíbio Leite de Barros, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), resume bem o pensamento de médicos e preparadores físicos ouvidos pela reportagem sobre o novo calendário do futebol brasileiro, criado pela CBF.

A mudança, anunciada anteontem e que será implantada a partir de 2013, visa permitir que os clubes que disputem a Libertadores também possam participar da Copa do Brasil, competição que passará a ter duração anual e ganhará 22 times a mais.

O efeito colateral da transformação será o aumento na carga de jogos dos clubes mais vitoriosos. Hoje, o máximo de partidas oficiais que um time pode fazer durante a temporada é 83. A previsão é que esse número vá para 89.

Some-se a isso a promessa já feita pelo presidente corintiano e novo cartola da CBF, Andres Sanchez, de que os clubes terão, já no próximo ano, uma janela de três semanas livres em agosto para poderem viajar à Europa para amistosos internacionais.

E teremos uma combinação considerada explosiva pelos profissionais da medicina esportiva: maior quantidade de partidas e menor tempo para recuperação.

Até por isso, são unânimes em dizer que o novo calendário acarretará no crescimento do número de contusões.

"Teremos acúmulo de sobrecarga, não vamos ter tempo para completar a recuperação", avaliou o fisiologista do Palmeiras Paulo Zogaib.

O médico só espera que, para abrir espaço no calendário, a CBF não decida reduzir ainda mais a pré-temporada. No Brasil, os clubes costumam apenas treinar por duas ou três semanas no começo do ano, enquanto na Europa esse período raramente é inferior a 15 dias.

"Nossa pré-temporada, que poderia nos dar um lastro para aproveitarmos durante o ano, é muito curta", reclamou o palmeirense.

Segundo estudo do preparador físico do São Paulo, José Mário Campeiz, um jogador, em média, não consegue suportar mais do que sete ou oito jogos consecutivos atuando duas vezes por semana, algo que será comum com a ampliação da Copa do Brasil.

Até por isso, afirma que a única forma de os clubes minimizarem os efeitos da maratona a que serão expostos será ampliar seus elencos e adotar uma política profunda de rodízio de jogadores.

E, mesmo assim, o número de problemas musculares fatalmente irá aumentar. "A cada jogo, você perde três dias de trabalho. Assim, praticamente não vamos ter tempo para treinar durante a temporada", disse Campeiz.

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