Futebol - Rodrigo Bueno

O melhor time da Terra conquistará o planeta?

"SANTOS é sensacional, só o Santos parou uma guerra, com o Rei Pelé foi bi mundial, melhor time da Terra."

Muitos jovens torcedores cantavam isso no embarque do time de Neymar para o Mundial de Clubes. Nenhum dos que faziam algazarra ali em Cumbica, assim como eu, viu um jogo do Santos em Mundial, mas todos já ouviram histórias sobre isso.

Não foram poucas as gerações pós-Pelé que duvidaram que o Santos voltaria ao estrelato mundial como agora. Mas o fato é que voltou. E embarcar no voo mais importante do clube brasileiro mais bem-sucedido internacionalmente durante a era romântica do futebol nacional é um orgulho que nem todos podem ter, parafraseando o hino santista.

Havia passado um dia do penta brasileiro do Corinthians, e alguns corintianos andavam fardados com seu uniforme, orgulhosos, pelo aeroporto. E ouviram da multidão santista as provocações sobre a ausência de títulos da Libertadores e a canção que abriu esta coluna, uma espécie de "prova" de que o Santos foi mais longe que todos os outros times do país, até mesmo que o São Paulo, tricampeão mundial já regulamentado.

Dois senhores exibiam uma faixa com as formações do Santos campeão mundial em 1962 e 1963 como se aquilo fosse o "maior espetáculo da Terra", um slogan usado em lugares em que o time de Pelé se apresentou.

Quem viu aquele esquadrão diz não ser possível haver coisa igual, mas curte o resgate da tradição internacional santista. Quem não viu e canta assim mesmo em verso e prosa a mítica equipe de Pelé parece saber que o passado é inatingível, mas tem a exata noção de que uma nova e grandiosa história está para ser escrita.

O novo prodígio santista, o mais talentoso no pós-Pelé, não ficou, como esperado, entre os três melhores do mundo por questões geográficas, por visibilidade.

Não será uma atuação de gala no Mundial que vai pôr Neymar no trono em que Messi sentará pela terceira vez. Mas as portas para que, em 50 anos, garotos cantem seu nome em algum aeroporto estão abertas.

A história não oferece tantas chances aos grandes times e craques. O renascido Santos e o reinado de Neymar têm um desafio tão saboroso quanto acessível no Japão. Podem ser campeões mesmo sem ter "o melhor time da Terra", podem ganhar o mundo mesmo sem Pelé, podem não parar uma guerra, mas podem ser algo sensacional para sempre.