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Após ano de lesões e à sombra de Neymar, Paulo Henrique Ganso se isola no Japão, evita a imprensa e volta a estremecer sua relação com o Santos

Ricardo Nogueira/Folhapress/NAGOYA, JAPAO
Ganso em treino do Santos otem, no Japão
Ganso em treino do Santos otem, no Japão

LEONARDO LOURENÇO
RODRIGO BUENO
enviados especiais a nagoya

Ele parece um estranho no ninho, um jogador desconectado do grupo, um solitário. E ontem, no Japão, deixou mais clara a razão disso.

Paulo Henrique Ganso está em guerra com o Santos.

Os primeiros dias do meia no Mundial são mostras claras de que a situação que ele vive no clube é bem diferente da de Neymar, estrela da delegação que sorri, diverte o grupo e mantém laços estreitos com a diretoria.

Já no avião rumo à Alemanha era possível ver Ganso entretido com seu celular, cara fechada e pouca conversa.

No Japão, evitava a imprensa e saía pela porta dos fundos na zona mista (área de entrevistas). Nem na coletiva da Fifa o jogador apareceu.

A alegação de indisposição estomacal não o impediu de treinar anteontem à tarde, mas teria sido a desculpa para driblar os repórteres.

Segundo um integrante da delegação ligado à diretoria, Ganso é "de lua", dando a entender que ninguém sabe direito como se comportará.

O meia não renovou com o Santos e, após especulações de que iria para a Europa, chegou a declarar que definiria seu futuro após o Mundial.

Ontem, confirmou que negociou 10% dos seus direitos -fatia que lhe pertencia- com o DIS, fundo de investimento do Grupo Sondas, que agora tem 55%. O Santos continua com seus 45%.

"Não sei por que eles [do Santos] não quiseram [os 10%]. Quando um não quer, o outro busca", disse Ganso.

Segundo ele, foi oferecida ao Santos a possibilidade de adquirir essa parte de seus direitos. O clube tinha prioridade na compra por contrato, mas nega ter recebido contato de Ganso para negociar.

"O Santos foi avisado, infelizmente não quiseram, e o DIS comprou. Eu negociei a minha parte porque foi algo fora do normal", disse o atleta, que levou R$ 5 milhões.

O ano de Ganso foi conturbado: lesão, rumores de transferência e pouco futebol para um jogador que chegou à seleção brasileira com a mesma pompa de Neymar.

Aos 22 anos, o meia ainda esbanja a maturidade que às vezes parece faltar a Neymar, 19, mas há quem diga que ele sofra por ficar à sombra do colega. Seria uma das razões para não ter ido à primeira entrevista coletiva no Japão, com Neymar protagonista.

Neste ano, Ganso tem atritado com o Santos às vésperas de jogos importantes. Foi assim na Libertadores, quando não brilhou. O racha entre o Santos e o DIS é antigo.

Ganso diz que quer pensar só no Mundial agora e evitou falar sobre o futuro no clube. "Eu não me preocupo. Procuro apenas jogar futebol e mostrar que preciso ser valorizado. Depois vejo o que é melhor para o Paulo Henrique."

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