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Juca Kfouri

A omertà dos cartolas

Como na lei do silêncio dos mafiosos, os dirigentes esportivos têm a sua, impenetrável

A OMERTÀ, o código do silêncio da Camorra, acoberta mais uma vez os malfeitos da cartolagem, para usar uma palavra do gosto de um certo ex-ministro, não por acaso do Esporte brasileiro.

Giovanni (como é tratado pelo ex-genro) Havelange renuncia ao COI para dele não ser expulso, e a entidade se dá por satisfeita. E cala.

A Fifa, que aproveitaria a bola dividida para botar para escanteio ex-sogro e ex-genro, ameaçada por uma guerra das comadres, aquela que revela as verdades, faz que vai, mas não vai e recua o half para evitar a catástrofe. E adia.

Ao menos por enquanto, fica tudo como está, o dito pelo não dito, com Havelange pedindo que o deixem em paz aos 95 dos acréscimos e ainda é chamado de pai por Parreira, não o das uvas, mas o das maçãs podres.

Por aqui, os fins são celebrados não importam os meios para atingi-los, em que o sucesso a tudo redime, em que pessoas aparentemente limpas se misturam aos porcos e acabam por comer do

mesmo farelo, em festins verdadeiramente pornográficos.

Al Capone, Adolf Hitler, Benito Mussolini, Josep Stálin e Fernandinho Beira-

-Mar foram todos muito bem-

-sucedidos em determinados momentos de suas histórias pessoais. Nem por isso deixaram de ter o lugar no lixo

da memória mundial que mereceram.

Na elite brasileira não é assim, e resta saber até quando.

Porque Havelange, Neves, Sarney, Collor e Barbalho; Maluf, Palocci, Silva e Queiroz; Teixeira e Cabral formam um timaço de gente bajulada.

Para não falar do banco (epa!) de reservas, composto por políticos em geral, apresentadores de TV em particular, publicitários e até biógrafos (vide os de Havelange), gente que acha que ética é coisa de filósofo, verdadeiros garotos-propaganda da mediocridade (e do álcool), cúmplices do deslize, atores desprezíveis, canastrões mesmo que só fazem atrasar o Brasil que as pessoas de bem desejam.

Todos muito bem-sucedidos.

Mas, lembremos: Havelange continua influente no comitê da Olimpíada do Rio, e Teixeira, no da Copa do Mundo, dois megaeventos feitos com o seu, o meu, o nosso suado dinheirinho.

E lembremos também, para não ficar uma impressão apenas pessimista: há muita gente de sucesso que é respeitada, influente e decente.

Triste é pensar que faz oito dias que o Magro morreu, um a menos na luta pela luz.

blogdojuca@uol.com.br

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