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Tostão

Faz e, depois, pensa

Barça continuará sendo o melhor do mundo, mesmo se o Santos jogar melhor e/ou vencer

Hoje, imagino que a maioria dos leitores vai ler essa coluna depois do jogo. O Barcelona é o melhor time do mundo e continuará sendo, mesmo se perder. Da mesma forma, se Neymar jogar mal, não deixará de ser um cracaço.

Em 1966, como lembrou Juca Kfouri, o jovem e muito bom time do Cruzeiro venceu, na decisão da Taça Brasil, o Santos de Pelé, o melhor time do mundo, por 6 a 2 e 3 a 2.

No vestiário, na comemoração do título, um fotógrafo colocou em minha cabeça uma coroa de alumínio e rapidamente bateu a foto. No outro dia, ao vê-la no jornal, morri de vergonha. Senti-me um picareta, um usurpador do trono. Sem falsa modéstia, não tinha a metade do talento de Neymar. E o rei era Pelé. Não era Messi.

Os técnicos europeus têm um grande respeito, quase um temor, quando enfrentam os sul-americanos. É mais fácil para o Barcelona ganhar de um europeu do mesmo nível técnico do Santos que vencer o time brasileiro.

Discute-se muito se é melhor marcar o Barcelona por pressão, para não deixar que eles comandem o jogo, como fez o Real Madrid, ou se é melhor marcar na entrada da área, para fechar os espaços e evitar o passe decisivo, como fez o Al Sadd.

O Santos deve ter uma atitude intermediária, pressionando quem estiver com a bola a partir do meio-campo.

A troca de passes, esperando o momento certo para tentar o gol, que alguns acham entediante, é um dos segredos da eficiência do Barcelona quando enfrenta as retrancas.

Enquanto a bola não rola, continuo o assunto da semana passada.

Escrevi que o talento é a união, a síntese, da habilidade, da técnica, da criatividade e das condições físicas e emocionais. Habilidade é não perder a bola, mesmo pressionado. A técnica é a execução dos fundamentos da posição. Robinho se destaca muito mais pela habilidade que pela técnica. Rivaldo foi o contrário. Robinho é um ótimo jogador. Rivaldo foi um craque.

A criatividade é a capacidade de surpreender, inovar, improvisar e, em uma fração de segundo, mapear tudo o que está à sua volta e calcular a velocidade da bola, dos companheiros e dos adversários. Os especialistas médicos chamam isso de inteligência cinestésica. Prefiro dizer intuição, ou melhor, um pré-conhecimento que antecede ao pensamento lógico.

Neymar não pensou nem racionalizou antes de fazer o magistral gol contra o Kashiwa. Não dava tempo. Ele fez para, depois, pensar no que fez. Deve ter achado maravilhoso.

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