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Contrassenso

Estudo alemão constata que trocar de técnico, prática comum no futebol brasileiro, piora desempenho da maioria das equipes no curto prazo

GUILHERME YOSHIDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A máxima de que é melhor trocar um técnico do que 11 jogadores foi novamente colocada em prática em uma edição do Brasileiro.

Mas, apesar da alta rotatividade (em 2011, foram 23 mudanças de treinadores, excluindo os interinos) ser comum na cultura esportiva do país, algumas demissões neste ano foram marcantes pelo período em que ocorreram.

Adilson Batista, por exemplo, foi mandado embora do São Paulo na 30ª rodada, enquanto Caio Jr. chegou a ser dispensado do Botafogo faltando apenas três jogos para o término do campeonato.

No entanto, um estudo liderado pelo professor Bernd Strauss, da Universidade de Muenster, na Alemanha, aponta que uma troca no comando da equipe não surte efeito dentro de campo em tão pouco tempo.

Após conferirem 14.018 jogos da primeira divisão do Alemão desde 1963, os pesquisadores indicaram que demitir o treinador, tanto durante a mesma temporada quanto de uma para outra, não tem nenhum efeito sobre o desempenho do time nas partidas subsequentes.

A pesquisa considerou apenas times que disputaram um mínimo de dez jogos antes e depois de trocarem de treinador, além de terem participado do Alemão do ano seguinte. E constatou que 82% dessas equipes tiveram um desempenho inferior com os novos comandantes.

Em números absolutos, a queda na performance na tabela foi, em média, de nove pontos para os grandes clubes e de cinco pontos para os chamados times pequenos.

"A influência dos treinadores no desempenho dos times é limitada, atingindo cerca de 15% em relação a outros fatores, como folha salarial da equipe e aspectos motivacionais e psicológicos, que são mais difíceis de mensurar", contabiliza o texto do estudo.

Ainda segundo o levantamento, o principal motivo das demissões foi o mau desempenho, sendo que resultados ruins em dois jogos seguidos foram determinantes para a troca de comando.

"Substituir um técnico não é positivo se não há uma filosofia por trás. Toda mudança faz o processo de formação de um time voltar à estaca zero", afirma José Nogueira Júnior, segundo secretário do Sitrefesp (sindicato paulista de treinadores de futebol).

Para ele, uma das principais causas do grande número de trocas de técnico "é o amadorismo dos dirigentes, que não conhecem metodologias de treinamento."

"O ideal seria um treinador ficar, no mínimo, um ano e meio em um clube para termos condições de fazer uma análise consistente", diz.

O estudo alemão mostra que o Eintracht Frankfurt foi o clube que mais demitiu técnicos. No total, 20 vezes em 47 anos de primeira divisão. Já o húngaro Gyula Lorant e o alemão Joerg Berger foram os treinadores que mais perderam o emprego pelos maus resultados -seis vezes.

Números que soam pequenos para o futebol brasileiro.

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