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Amadores temem prova inchada

São Silvestre Corredores aprovam novo percurso com ressalvas e não querem mais inscritos

DE SÃO PAULO

O novo percurso da São Silvestre dividiu opiniões entre os atletas amadores que participaram da corrida ontem.

Foram 25 mil inscritos, um recorde, número que a organização disse ter sido possível alcançar graças à mudança do percurso. Na edição de 2010, havia 4.000 a menos.

A maioria dos atletas ouvidos pela Folha antes da largada achou a troca positiva.

Mas houve quem dissesse que a São Silvestre "virou prova comum", já que não passa por locais tradicionais e não chega na av. Paulista.

"Mudou para pior", disse o aposentado Wagner Monteiro, 58, que disputa a corrida há seis anos. "Tinha o público tradicional, que via a corrida de camarote, da porta de casa, e fazia festa para gente. Virou prova comum."

Ele também alertou para os riscos de acidentes. "Tem trechos em que as ruas são muitos estreitas, as chances de tropeços são maiores."

A distância de 2 km entre a chegada, no parque Ibirapuera, e a estação de metrô mais próxima, Paraíso, também dividiu opiniões. Amadores que precisavam voltar para casa de metrô tiveram que caminhar essa distância após 15 km da corrida. "Devia ter um ônibus para nos levar para o metrô", declarou Monteiro.

"Com corpo quente depois da prova, nem vai ser difícil", minimizou a psicóloga Cibele Sanches, 39, novata na prova. "Quem já estava acostumado com o trajeto original se sente até mais motivado com o desafio", afirmou sua irmã, Simone, 33.

Mas veteranos reclamaram da volta para casa. "Largar em um ponto e chegar em outro dificulta muito", afirmou o militar pernambucano Nivaldo Cordeiro, 47, que corre a São Silvestre desde 1994.

"Antes eu deixava o carro aqui perto da Paulista e, depois da prova, era só pegá-lo e voltar para casa", disse o securitário maranhense Antônio Teles, 42. "Agora tive que pedir à minha mulher para me buscar no Ibirapuera."

Outros gostaram da mudança. "Antes tinha confusão aqui na Paulista com o pessoal do Réveillon", disse o cearense Caetano Setúbal, 57.

Em um aspecto a maioria concorda: a ideia de aumentar mais o número de participantes pode atrapalhar quem corre para marcar tempo.

"Fica mais difícil para gente que quer baixar nosso tempo porque perdemos muitos minutos desviando de quem fica fazendo festa para TV", disse o pedreiro piauiense Raimundo Santos, 46, em sua segunda São Silvestre.

Monteiro pede largadas diferentes, nivelando os atletas por tempo e nível de competitividade. "Você teria vários pelotões separando os competidores de quem quer só participar."

(ADRIANO WILKSON, LUCAS REIS E RAFAEL REIS)

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