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Humano

Marcos anuncia que vai parar, revela dor e prazer em jogar, diz que há muito a ser feito no Palmeiras, mas descarta carreira de cartola

Eduardo Anizelli - 29.nov.11/Folhapress
Marcos posa ao lado de bonecos com sua imagem
Marcos posa ao lado de bonecos com sua imagem

LUCAS REIS
DE SÃO PAULO

As dores venceram Marcos.

Último goleiro campeão do mundo com a seleção e maior ídolo da história recente do Palmeiras, o camisa 12 anunciou que vai se aposentar.

Foi por meio do gerente de futebol César Sampaio que o goleiro declarou que vai tirar dois meses de férias e, na volta, fará um amistoso, seu 531º e último jogo com a camisa que defende há 20 anos.

No final de novembro, Marcos, 38, conversou com a Folha. Na ocasião, admitiu que pararia e deu detalhes sobre sua aposentadoria que ontem vieram a público.

Mas pediu reserva. Queria aguardar a turbulenta fase do Palmeiras, que aliás persiste, para fazer o anúncio oficial.

Em 40 minutos, ele falou sobre suas dores, conquistas, o futebol brasileiro, a relação com o Corinthians e seu futuro no Palmeiras. "Há muito o que ser feito aqui", disse.

Folha -Você vai parar de jogar em 2012?
Marcos - Vou parar. Ainda não anunciei pois quero esperar passar o ano, sair de férias em dezembro, conversar com a minha família, mas não aguento mais as dores. Minha ideia é voltar, conversar com a diretoria, fazer um último jogo de despedida e encerrar minha carreira.

E depois, quais seus planos?
Eu estou muito preocupado com isso, pra te falar a verdade. Ontem a gente tava de folga, e eu vim aqui! Pensei: "Vou lá no Palmeiras conversar com o pessoal". Então eu vim aqui. Poxa, faz 20 anos que eu venho aqui, todo dia. Tenho essa preocupação. Você sabe que quando fica muito tempo dentro de casa o casamento vai pro saco. A mulher não te aguenta, e você não aguenta a mulher falando na sua orelha o dia inteiro. Não sei se vou realmente trabalhar aqui no Palmeiras. Só quero trabalhar aqui se tiver uma função que eu consiga fazer bem-feita. Não quero ficar fazendo número.

E você se imagina fazendo o que no clube?
Eu fico pensando um monte de coisas, o Palmeiras tem muita coisa pra fazer. Procurar talento, revelar jogadores. Mas não estou pedindo emprego aqui, não. Se me chamarem e disserem que não querem que eu trabalhe aqui, tranquilo, tudo bem. Palmeiras é aquilo lá, a gente acerta, e fico tudo bem. Mas vou dar uma aproveitada boa, pelo menos uns dois meses, dar uma viajada com a minha família. Depois, saio procurando alguma coisa pra fazer.

Talvez cartola?
Não. É difícil. Minha imagem, graças a Deus, sempre foi muito boa no futebol, sou um cara honesto. Não que os cartolas sejam desonestos. Mas, por tudo isso que acontece no futebol, some dinheiro daqui, some dinheiro dali, você, no meio da cartolagem, pode manchar um pouco sua imagem. Quero fazer alguma coisa que eu tenha responsabilidade, que tenha que arcar com as minhas responsabilidades. Com o Sampaio, seu [Roberto] Frizzo [vice de futebol], pode até ser legal, pode ser que aprenda alguma coisa nesse sentido. Na parte administrativa... eu não tenho estudo, né? A gente vive cobrando profissionalização no futebol, e como eu vou administrar o Palmeiras com segundo colegial?

E suas dores?
Desde 2000, eu jogo com dor em algum lugar. Eu me sinto, pra te falar a verdade, um cara abençoado, porque sempre joguei com alguma limitação. Não fui um goleiro que teve sucesso na vida sem problema. Eu superei meus problemas e joguei. Sempre gostei de jogar e tomava um monte de remédio pra jogar, anti-inflamatório, antibiótico. Talvez o dia em que eu estiver velho isso vai me prejudicar de alguma forma. Mas, enquanto podia fazer isso pra jogar, eu fazia. Gosto de estar no campo. Apesar das dificuldades, me faz bem. Mas você tem que reconhecer quando tem alguém melhor. E eu acompanho todo dia, o Deola está voando em campo.

E como é sua vida hoje?
Gosto de jogar bola mesmo, nem tanto pelo financeiro. É pelo prazer de vir aqui, encontrar os amigos, pegar umas bolinhas no treino. [Isso] me dá prazer até hoje, mesmo sem poder jogar.

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