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Importação

Com o mercado interno inflacionado, grandes clubes brasileiros se rendem aos talentos mais baratos formados nos vizinhos sul-americanos

Fabio Castro/Agif/Folhapress
Loco Abreu, um dos três uruguaios em clubes grandes brasileiros, em treino do Botafogo
Loco Abreu, um dos três uruguaios em clubes grandes brasileiros, em treino do Botafogo

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

O Brasil se tornou para a América do Sul o que a Europa é para o Brasil há décadas.

O país, conhecido por ser um dos principais exportadores de jogadores de futebol para as equipes do Velho Continente, agora bebe na fonte de seus vizinhos.

Os 12 maiores times brasileiros (os quatro do Rio, os quatro de São Paulo, os dois mineiros e os dois gaúchos) contam, neste início de temporada, com 28 atletas de oito das outras nove confederações que fazem parte da Conmebol. Há dez anos, no início do Brasileiro de 2002, eram cinco os estrangeiros.

A principal motivação para busca por talentos sul-americanos é financeira. "Essas contratações são mais viáveis do que se fossem feitas no Brasil", diz o diretor-executivo de futebol do Fluminense, Rodrigo Caetano.

O time carioca tem três jogadores estrangeiros no elenco: o colombiano Valencia e os argentinos Lanzini e Martinuccio. O caso deste último é um exemplo de como o futebol brasileiro tem tido facilidade em recrutar jogadores de times sul-americanos.

Martinuccio foi a principal peça do Peñarol na campanha do vice-campeonato da Libertadores-2011. Ainda assim, custou só R$ 4,5 milhões ao Fluminense -o Corinthians ofereceu R$ 24 milhões ao Cruzeiro por Montillo.

"Os valores [praticados no Brasil] são bem superiores aos dos seus países", explica Caetano. "Um jogador num grande clube brasileiro já tem a expectativa de ganhos com três dígitos", completa o dirigente, que se refere apenas às casas dos milhares.

O Santos, em busca de um lateral, cogitou alguns jogadores antes de fechar, nesta semana, com o uruguaio Fucile. Deu para Muricy Ramalho um ala que foi titular do Uruguai durante a Copa-2010 e ainda economizou.

O jogador receberá cerca de R$ 130 mil mensais, bem menos do que Kleber, do Internacional, pediu quando foi procurado por dirigentes santistas -queria R$ 250 mil mais R$ 600 mil de bônus.

"Durante a Libertadores, fiquei impressionado com as conversas que tive com dirigentes de clubes de outros países. A diferença [de receitas] é enorme, parece outro mundo", comenta o presidente do Santos, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro.

A diferença é gritante: nas quartas de final da Libertadores, os jogadores do Once Caldas ameaçaram uma greve por causa do atraso de três meses de salários de todo o elenco. A dívida era de R$ 2,1 milhões, algo próximo do que é pago em um mês a Neymar.

"Isso atrai jogadores de todos os lugares em busca de exposição", completa o cartola da Vila Belmiro.

O leque de atletas sul-americanos no Brasil é diversificado: vai de revelações, como Lanzini, de só 18 anos, a jogadores experientes, como o equatoriano Tenório, 32, recém-contratado pelo Vasco.

"Muitos deles dão errado, mas é uma aposta que vale a pena, já que o custo não é tão alto", afirma Caetano.

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