Presidente 'sai' sem deixar cargo

O mais longevo dos presidentes de confederações esportivas do país, Roberto Gesta de Melo, 66, deixa a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) sem sair do cargo.

Assembleia que será realizada hoje, em Manaus, elegerá José Antonio Martins Fernandes, o Toninho, como presidente da confederação.

Mas ele só ascenderá ao cargo no primeiro trimestre do próximo ano. Assim, Gesta só deixará a CBAt quando completar 26 anos no poder (assumiu em 1987) e sete edições de Jogos Olímpicos, incluindo Londres-2012.

O acordo para que Gesta permanecesse na presidência mesmo após a eleição foi feito em assembleia em 2011.

A eleição seria, inicialmente, em 2013, mas o dirigente avisou que não concorreria à reeleição, manobrou para antecipá-la em um ano e permanecer após o pleito. E ainda indicou seu sucessor.

Toninho é presidente da Federação Paulista de Atletismo. Seu vice será Warlindo Carneiro da Silva Filho.

Eles compõem a única chapa na eleição, já referendada, desde a assembleia de 2011, por 97% dos votantes.

O colégio eleitoral foi ampliado para esta assembleia. Nas reeleições passadas, só presidentes das federações estaduais votavam.

Hoje, além deles, Toninho poderá ter o apoio dos 11 medalhistas olímpicos do atletismo, de um representante dos árbitros, de um dos técnicos, dos cinco clubes mais bem colocados no ranking nacional e do representante da Iaaf (a federação internacional), que é Gesta. É a primeira vez que atletas votam.

Eles estão em Manaus com as despesas pagas pela confederação brasileira.

Apenas os presidentes das federações de Santa Catarina, Tocantins, Distrito Federal e Rio de Janeiro não declararam apoio a Toninho quando do lançamento da chapa.

Pelo menos dois desses dirigentes discordaram do modo como Gesta agiu para larga o cargo após tanto tempo.

Ontem, em rápida conversa pelo telefone com a reportagem, a ex-fundista Carmem de Oliveira, presidente da federação do Distrito Federal, não revelou se vai declarar apoio à chapa de Toninho.

O novo presidente não poderá passar mais do que oito anos no cargo, de acordo com as normas estabelecidas na assembleia do ano passado.

"Não quero ficar mais do que quatro anos na presidência da CBAt", disse, mandatário da federação de São Paulo há 12 anos.

"Ainda quero curtir a vida depois [dos quatro anos]", justificou o dirigente.

Ele não se opõe ao longo período de transição, que demorará mais de um ano. A data da posse deve ser divulgada hoje, durante a eleição.

A justificativa para a demora é a transferência da sede, que hoje fica em Manaus. Ela irá para um sobrado com 14 salas, a ser alugado próximo ao Parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo.