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Tostão

Dois eternos craques

Falcão e Cerezo, dois craques do meio-campo, se enfrentam hoje, como técnicos, no clássico Ba-Vi

Somos todos preconceituosos. Uns mais que os outros. Ter consciência e ser contra um preconceito não dá certeza de que ele não exista. De repente, sem avisar, um preconceito surge, das profundezas da alma, no pensamento, nas palavras, nos gestos e nos atos. Códigos de comportamento costumam também durar longo tempo.

Os preconceitos são frequentes no futebol. Muitas vezes, preconceitos antagônicos coexistem em uma mesma pessoa ou grupo.

Há muito preconceito contra técnicos mais populares, geralmente ex-atletas, folclóricos, paternais, que falariam a língua dos jogadores e do povo. Eles teriam menos preparo científico. Seriam mais práticos. O preconceito aumenta se o técnico não cursou a faculdade nem fala inglês.

Existe muito também o preconceito oposto, contra os técnicos mais polidos, posudos, que se vestem bem e que não falariam a linguagem do atleta. Seriam mais teóricos, científicos. O preconceito aumenta se ele não é um ex-jogador, pois entenderia menos de detalhes técnicos.

A maioria dos técnicos tem características intermediárias.

Há um chavão no futebol de que craque não se torna ótimo treinador. Esquecem de Cruyff, Beckenbauer, Didi e tantos excelentes ex-jogadores, como Guardiola e Zagallo. Por terem sido famosos e, geralmente, terem ótima situação financeira, os craques não querem começar a nova carreira em um time pequeno nem serem chamados de burros. No primeiro fracasso, desistem.

O mesmo preconceito com técnicos que foram atletas existe contra comentaristas, colunistas. Há mais de dez anos, um radialista de São Paulo disse, desconfiava, que meus textos seriam escritos pelo grande escritor mineiro Roberto Drumond, morto em 2002. Foi uma ofensa e um elogio. Será que Roberto Drumond passou a psicografar minhas crônicas?

Dois craques, Cerezo e Falcão, tipos de armadores que mais fazem falta ao futebol brasileiro, por não terem sido típicos volantes nem típicos meias, se enfrentam hoje, como técnicos, no clássico

Ba-Vi. Cerezo se parece mais com os técnicos intuitivos, românticos, e Falcão, mais com os racionais, científicos. Os dois têm boas de chances de dar certo. Tomara!

O futebol brasileiro precisa de técnicos novos, diferentes, que gostem de vencer e de bons espetáculos, que sejam intuitivos, sonhadores e também racionais, científicos e que saibam observar, imaginar, e não apenas repetir informações, estatísticas e estratégias.

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