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Ministérios duelam por megaeventos

GOVERNO
Coordenar segurança garante mais verba para pastas

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Há uma disputa entre os ministérios da Justiça e da Defesa para saber quem coordenará a segurança dos grandes eventos previstos para o país nos próximos anos. Até agora, o vencedor é o Ministério da Defesa.

Às Forças Armadas foi concedido o direito de coordenar a Rio+20, encontro de chefes de Estado que acontecerá em junho no Rio de Janeiro.

Dos R$ 430 milhões previstos como orçamento para o evento, R$ 211 milhões serão investidos em segurança. Na prática, isso significa a compra de equipamentos e alimentação para Marinha, Exército e Aeronáutica.

A Folha apurou que as reuniões para decidir quem cuidará da segurança dos grandes eventos têm sido tensas.

O ministro Celso Amorim é visto como maior articulador da vitória militar com a presidente Dilma Rousseff. Em nota, o Ministério da Defesa disse que a escolha de quem coordena a segurança é "decisão da Presidência da República e não do ministério".

A Rio+20 é encarada pelos militares como um laboratório para garantir a presença na Jornada Mundial da Juventude, que terá a presença do papa Bento 16, e na Copa das Confederações, em 2013. O objetivo maior é a Copa do Mundo, em 2014.

Os policiais federais que trabalham na coordenação dos jogos já ameaçaram deixar os cargos caso o Exército seja confirmado para cuidar da segurança da Jornada.

Tanto a Fifa como o Comitê Olímpico Internacional não veem com bons olhos militares nesses eventos. Eles temem que a imagem dos jogos fique associada à presença de tanques na rua ou homens armados no topo dos edifícios.

Em nota, o Ministério da Defesa informa que isso não vai ocorrer. Afirma que será feita a chamada "segurança invisível", com uso de câmeras, inteligência e mobilização rápida de aparato militar.

Coordenar a segurança de eventos significa garantir verbas. Em 2011, o Exército recebeu R$ 618 milhões para cuidar dos Jogos Militares. A verba garantiu a reforma de unidades militares no Rio.

Após o Pan, vários equipamentos adquiridos foram distribuídos para os Estados de Rio, Ceará, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Um ex-ocupante do Ministério da Justiça conta que, no início do governo Lula, a disputa pelo Pan também foi intensa. Em 2005, em um debate na Casa Civil, chefiada por Dilma Rousseff, o delegado Luiz Fernando Corrêa, então na Secretaria Nacional de Segurança Pública, apresentou um projeto que garantiu à pasta o direito de coordenar a segurança do Pan.

Corrêa deixou ontem o cargo de coordenador de segurança do comitê organizador dos Jogos do Rio, em 2016.

Ele responde a processo de improbidade na Justiça Federal de Brasília sob acusação de compras de equipamentos superfaturados para a segurança do Pan de 2007.

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