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Rodrigo Bueno

O rei na barriga

Modelo até contra a homofobia, futebol inglês vive temporada de vexames dentro e fora de campo

A UNIÃO DA ILHA encantou levando, entre outros, Beckham, Owen, Bobby Charlton e até Gary Neville para a Sapucaí, mas não é uma boa hora para festejar o badalado futebol inglês.

O título nacional está mesmo entre os times de Manchester, que só assistem à fase de mata-matas da Copa dos Campeões pela TV apesar de toda a pompa e as libras de ambos. E os dois sobreviventes da coroa na liga europeia estão tecnicamente condenados nas oitavas de final.

O endinheirado Chelsea está nas cordas diante de um aguerrido, organizado e barato Napoli. E o Arsenal, segundo o próprio Arsène Wenger, amargou o seu pior desempenho internacional (algo que nunca foi a especialidade dos Gunners) em muito tempo ao ser destroçado por 4 a 0 por um Milan que está longe dos melhores esquadrões montados na era Berlusconi.

A seleção inglesa, às portas da Eurocopa, viu seu consagrado e vitorioso treinador pedir demissão por conta de um caso que esbarra numa polêmica interna com racismo, um tema espinhoso que tem tomado muito espaço nos sensacionalistas tabloides ingleses e até no Gran Parque Central, a casa do Nacional uruguaio que serve de abrigo e fortaleza neste momento infeliz da vida de Luis Suárez.

Numa luta para melhorar sua imagem e torná-la a mais limpa, ética e politicamente correta possível, o futebol inglês também se mexeu contra a homofobia, lançando um plano que, se copiado mundo afora, poderá mudar sensivelmente o comportamento de todos nos estádios. Por mais que não haja ainda atleta gay assumido praticando futebol profissionalmente na Inglaterra, já houve punição a jogadores (Michael Ball, do Leicester, e Ravel Morrison, do West Ham) e a torcedores (em partidas do Brighton) por causa de comentários e cânticos homofóbicos, respectivamente.

A IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística do Futebol) voltou a destacar o Inglês como o melhor campeonato nacional do mundo, uma conta feita muito com base na performance dos clubes nas competições internacionais. Mas as quartas de final da Copa dos Campeões devem ter os dois gigantes espanhóis, time alemão, francês, talvez português, russo... nada de britânico.

Num ano em que time de futebol na terra da rainha surpreende ao demitir treinador e todos os jogadores devido à crise financeira, caso do Darlington, a impressão torta de alguns que a Premier League e o futebol inglês como um todo têm bem mais imagem que conteúdo ganhará força diante dos resultados e dos fatos desta temporada.

O preço de ter o rei na barriga é caro.

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